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No Juruá, heróis também usam jaleco e salvam vidas

O sistema público de Saúde do Acre enfrenta o maior desafio de sua história. A pandemia da Covid-19 estabeleceu novos protocolos, rotinas e adversidades para centenas de profissionais que têm a nobre missão de salvar vidas. Inclusive colocando-se em risco para que outras pessoas sejam preservadas.

No Hospital Regional do Juruá, a técnica em enfermagem Sandra Aquino é um desses exemplos. Desde a confirmação dos primeiros casos de coronavírus na segunda região mais populosa do estado, os últimos meses têm sido os mais intensos nestes oito anos de profissão. Os hábitos, antes comuns, já não são os mesmos. Não tem sido fácil, por exemplo, manter distância de quem ela mais ama. Experiências que ficarão marcadas para sempre na memória.

“Infelizmente, tudo isso que estamos passando é triste. Acaba nos abalando e muitos colegas estão sendo acompanhados por psicólogos, porque a gente se separa da família, literalmente. Eu mesma estou há quase três meses sem ver o meu pai. Ele tem 80 anos de idade e, por conta de eu estar quase todos os dias neste ambiente hospitalar, não estou vendo ele e isso dói muito. Também estou separada dos meus filhos por conta dessa pandemia e o que dói mais, infelizmente, é quando nos deparamos com um óbito e presenciamos aqueles filhos querendo enterrar os seus mortos e não conseguirem. Simplesmente, o corpo é colocado em um caixão e dali já vai direto para o cemitério”, relatou.

Sandra sabe da importância dos métodos e conhecimentos que aprendeu no curso de formação de técnica em enfermagem para colocar em prática com os seus pacientes. Porém, ela aprendeu lições que livro nenhum é capaz de ensinar e que fazem toda a diferença dentro do ambiente hospitalar.

“Cada dia que se passa, eu me dedico às pessoas que mais precisam da gente. Eu acredito que quem está em um hospital precisa de muito amor, muito carinho e muita compreensão, acima de tudo. Diante disso, eu procuro dar o meu melhor. Se eu falhei em algo, no outro plantão eu procuro corrigir essa falha e fazer o meu melhor. Também sempre procuro me colocar no lugar do próximo”, pontuou.

Sandra lamenta a incredulidade daqueles que insistem em tratar o coronavírus com desdém. Como muitos outros profissionais, ela reforça o pedido para que a população colabore obedecendo regras tão simples e, ao mesmo tempo, essenciais para conter a proliferação da doença e evitar que mais vidas sejam perdidas.

“Gostaria muito que as pessoas que ainda não entenderam a gravidade da situação que estamos vivenciando pudessem entrar e ver a realidade do hospital. Você não tem noção do que é querer enterrar seus mortos e não conseguir. Ou querer estar próximo e não poder. A todos aqueles que podem, peço que fiquem em casa. Se não tiver nada o que fazer na rua, não saia. E, se for sair, se proteja”, observou.

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