m razão do período de incêndios florestais em todo o país, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Rio Branco, no Acre, iniciou uma campanha para arrecadar itens essenciais ao cuidado e à manutenção dos filhotes recebidos no local. Muitos animais, por causa do fogo que atinge seu habitat, chegam separados das mães.
A campanha é a primeira do tipo a ser feita pelo Cetas do estado e ocorre em meio às mudanças climáticas que tornaram a seca mais severa em diversas regiões do país. Os danos ambientais do fogo se refletem no número reduzido de animais que tem chegado ao Cetas de Rio Branco em comparação com anos anteriores. “No período de incêndios, normalmente, chega uma quantidade maior de animais, em sua maioria com queimaduras ou debilitados pela inalação de fumaça. O número este ano está reduzido, porque os animais têm morrido em meio ao fogo, antes do resgate”, explica Elaine Oliveira, chefe do Cetas/AC.
Os bichos chegam ao Cetas resgatados de dentro de incêndios florestais, em fuga dessas áreas, quando são encontrados em vias públicas ou residências, ou resgatados ainda no habitat, mas em situação de escassez de alimento por causa da devastação causada pelo fogo. O Cetas tem recebido serpentes de várias espécies, principalmente jiboias, quandus, pacas-de-rabo, preguiças, gambás, tamanduá-mirim, tatus e primatas de várias espécies. “Filhotes de tamanduá e preguiça costumam ficar agarrados às costas da mãe na natureza. O incêndio florestal causa estresse e pânico nos animais, o que ocasiona a separação da mãe e do filhote”, disse Elaine. A analista ambiental complementa que coisa similar acontece com outros animais, como cutia e paca-de-rabo, que andam com seus filhotes junto a elas, geralmente dois espécimes. Quando há um incêndio, a mãe só consegue carregar um deles para um lugar seguro, tendo que deixar o outro para trás.
Os impactos ambientais incluem perda da biodiversidade, tanto conhecida quanto desconhecida pela ciência, e também perda de alimento para os animais, de abrigos, de ninhos, de dispersores de sementes, de polinizadores, de controladores de populações de animais como os vetores de doenças e os peçonhentos, entre tantos outros serviços ambientais prejudicados.Como forma de dar assistência física e emocional aos animais, principalmente aos filhotes, o Cetas de Rio Branco está recebendo bichos de pelúcia, lençóis novos ou usados, toalhas, mamadeiras em geral, jornais (para forrar o recinto) e tapetes higiênicos. O bicho de pelúcia, em especial, funciona como se fosse a mãe do filhote, servindo de afeto, dando conforto ao animal.
As doações podem ser entregues na Superintendência do Ibama no Acre, nas Unidades Técnicas do Instituto em Brasiléia e em Cruzeiro do Sul, na Coordenação do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Acre (Ufac) e na Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema/AC), além do próprio Cetas.