Para gastar menos com cada abastecimento sem reduzir o uso do veículo nem trocá-lo por outro mais eficiente, não tem jeito: a saída é buscar formas de reduzir o consumo do carro que você já tem.
Manter em dia a manutenção é fundamental para você atingir essa meta; também vale a pena rever alguns hábitos ao volante – se você não quiser, literalmente, queimar dinheiro.
Mesmo seguindo essas premissas, existem alguns vilões nada óbvios que fazem o carro beber mais e a maioria das pessoas não se dá conta. Selecionamos cinco deles.
1 – Pancadão beberrão
Incrementar o automóvel com acessórios não originais, especialmente sistemas de som potentes, é uma prática tão popular que movimenta um enorme mercado.
Muitos não percebem, porém, que a instalação desses itens faz com que o carro beba mais.
Equipamentos de som potentes exigem mais do alternador, que os abastece com eletricidade a partir do movimento do motor. Quando mais energia é requerida, mais combustível é gasto”
Everton Lopes, engenheiro
- Dependendo da potência do som e de outros itens “genéricos” instalados, os problemas não ficam restritos ao consumo maior
- Novos equipamentos podem danificar ou encurtar a vida útil de uma série de componentes
- Isso acontece se não houver uma adequação do sistema elétrico, informa Erwin Franieck, da SAE Brasil.
- Segundo Franieck, o efeito mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que passa a reter cada vez menos carga e pode arriar
Contudo, antes de a bateria pifar de vez, há outras consequências
“Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes”, alerta Franieck.
De acordo com o engenheiro, peças como lâmpadas, ventoinha, motor de arranque e o próprio alternador podem ter a durabilidade seriamente comprometida.
2 – Abusar do freio eleva o consumo
- Engana-se quem pensa que o acelerador é o único pedal capaz de aumentar o consumo
- O freio também pode fazer com que a quantidade de quilômetros rodados a cada litro de combustível caia consideravelmente
- Dirigir de forma suave, antecipando as frenagens, é a forma indicada para quem deseja gastar menos dinheiro com abastecimentos – portanto, nada de “esticar” as marchas.
- O estilo agressivo de condução também cobra seu preço ao acelerar o desgaste do motor e também dos freios, da suspensão e até dos pneus
“Frear bruscamente depois exige acelerar mais, sem necessidade, para tirar o veículo da inércia. Isso eleva e muito o consumo”, ensina Everton Lopes.
3 – Tanque cheio, bolso vazio
- Quando aparece um posto com preços mais em conta, dá aquela vontade de encher o tanque
- Mas não se afobe: preço muito baixo pode sinalizar adulteração no combustível
- No caso da gasolina, essa adulteração envolve adição de solventes ou etanol
- Nos dois casos, o consumo sobe – sem contar que solventes causam sérios danos ao motor e a outros itens mecânicos
- Ainda que o combustível não seja “batizado”, quanto mais cheio estiver o tanque, mais peso terá o automóvel – e isso eleva o consumo
- A cada 100 kg, o gasto de combustível aumenta cerca de 6%
- Nunca encha o tanque até quase transbordar
Encher o tanque até o bocal danifica o cânister, que é filtro com carvão ativado responsável por reter os gases provenientes da evaporação do combustível. Esse filtro, geralmente localizado próximo ao tanque, é encharcado, perdendo toda sua eficiência” Everton Lopes, engenheiro
Os vapores que emanam do tanque são altamente tóxicos e poluentes – daí a importância de manter o cânister em bom estado.
A orientação é de interromper o abastecimento assim que gatilho for desarmado, proporcionando nível adequado e seguro.
4 – Rodar muito pouco pode virar tiro no pé
- Uma alternativa óbvia para gastar menos no posto é reduzir o uso do carro
- Contudo, rodar muito pouco a cada dia deixa o veículo mais gastão
- O motor precisa atingir a temperatura ideal para o calor expandir os componentes internos e, assim, garantir sua correta lubrificação
- Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, também acelera o desgaste
“Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que, no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal”, ensina Erwin Franieck.
5 – Nada de motor asfixiado
- Geralmente, nem precisa pedir: a cada troca de óleo, o responsável já providencia a substituição do respectivo filtro, seguindo o que diz manual do proprietário
- Contudo, quando se trata dos filtros de admissão de ar e de combustível, muitos se esquecem de que eles também devem ser trocados regularmente
- Esse esquecimento tem impacto direto no consumo de combustível
- Filtro de admissão sujo restringe a entrada de ar no motor e mais combustível é injetado para compensar o problema
- No caso do filtro de combustível, sua saturação faz o motor falhar, levando o motorista a pisar mais no acelerador
- A orientação não poderia ser diferente: troque os filtros nos prazos ou nas quilometragens recomendados pela montadora
“O motor se torna mais eficiente, ou seja, apresenta menor consumo, quando respira bem. Isso envolve diretamente os filtros, que ficam saturados com o passar do tempo”, destaca Everton Lopes
Fonte: UOL