Entre 2020 e 2022, a renda acumulada do Acre com as negociações da castanha do Brasil foi de mais de R$ 128 milhões. Isso fez do estado líder de renda na Região Norte. As informações estão no 4º capítulo do Boletim de Conjuntura Econômica, divulgado nesta terça-feira, 21, pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape) sobre o setor de produção extrativa de castanha do Brasil.
Em toda Amazônia Legal, o valor acumulado no período avaliado foi de R$ 405,9 milhões na produção do produto. O estudo completo pode ser lido e compartilhado aqui.
Os pesquisadores avaliaram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e da Embrapa sobre a produção extrativa da castanha do Brasil na Amazônia Legal nos últimos três anos. A região é composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins e corresponde a 60% do território nacional.
No estudo, os especialistas discorrem sobre o desenvolvimento da produção nos estados da Amazônia Legal, o valor da renda, a importância dessa renda para cada federação, o preço do produto e as perspectivas dessa produção em cada região.
Conforme o levantamento, nos últimos três anos, a produção média anual da extração de castanha do Brasil apresentou uma renda no valor de 135,3 milhões na Amazônia Legal. Por ano, a geração de renda no Acre com a castanha do Brasil foi de 42,8 milhões. Aparecem logo atrás no ranking o Amazonas, que obteve R$38,9 milhões e o Pará, que arrecadou 23,1 milhões.
“A pesquisa mostra dados de produção e renda gerada na Amazônia Legal e no Acre. Foca na questão de que, nos últimos três anos, o produto teve um crescimento significativo, sendo que em termos de renda o Acre assumiu o primeiro lugar na Região Norte. Isso mostra a força que a economia da castanha tem no Acre, que gera cerca de R$ 42 milhões de renda. O Acre representa uma média de 34% da produção da Região Norte”, explica o professor e doutor em economia responsável pelo estudo, Carlos Franco da Costa.
Produção
Sobre a produção, no período avaliado, o Acre produziu mais de 8,2 mil toneladas de castanha do Brasil, chegando a um total acumulado de 24,8 mil toneladas nos três anos. O estado acreano é vice-líder na produção do produto, ficando atrás apenas do Amazonas, que produz 12,5 mil toneladas anualmente.
Em toda Amazônia Legal, a média anual da produção foi de 34,6 mil toneladas. Em 2022, a extração alcançou 38,2 mil toneladas, o que representou um aumento de 15,4%, em relação à produção de 2020. Em 2021, observou-se uma diminuição de 582 mil toneladas do fruto em relação ao ano anterior.
O professor Carlos Franco destaca alguns fatores apontados como responsáveis por alavancar a economia da castanha do Brasil nos últimos três anos.
“Segundo o presidente da Cooperacre, que é o maior produtor e exportador do Acre, isso se deve, principalmente, a fatores como a desarticulação do mercado internacional, que a pandemia e a guerra da Ucrânia causaram, e também pela instabilidade política da Bolívia e do Peru que fez com que esses países perdessem credibilidade no mercado internacional”, confirmou.
O Boletim de Conjuntura Econômica traz dados também sobre o preço da castanha do Brasil na Amazônia Legal. Segundo os pesquisadores, durante 2020 e 2022, os preços da produção extrativa demonstram uma tendência similar entre os estados que compõem a região, revelando que o preço é influenciado externamente e que os custos, em cada estado, diferem entre si.
Com exceção do Acre, os demais estados mantiveram preços regionais constantes. No estado acreano houve um aumento de 145,8% em 2022 no preço em relação ao que era praticado em 2020.
Em 2020, a tonelada de castanha do Brasil saía por R$ 2.607. Já em 2021, esse valor subiu para R$ 6.408. “A extração e comercialização da castanha do Brasil é uma tradição da economia acreana e, nos últimos três anos, o estado assumiu a liderança na geração de renda, na região Norte, com uma participação média de 34% da renda gerada. Os preços sofreram uma valorização de 145% de 2020 para 2022”, diz o estudo.