Atendendo a requerimento da vereadora Lene Petecão, a Câmara Municipal de Rio Branco realizou na manhã de quinta-feira, 18, uma Tribuna Popular no qual debateu a luta antimanicomial, em alusão ao Dia Nacional, celebrado em 18 de maio.
“É um tema no qual tenho me dedicado muito e já tenho dois projetos nesse sentido, um de prevenção ao suicídio e outro solicitando mais espaços para cuidar de pessoas que sofrem com problemas relacionados”, disse Lene ao citar o trabalho desenvolvido no Centro Psicossocial de Rio Branco, o Caps II Samaúma.
“Além do diagnóstico, o local oferece recursos terapêuticos tradicionais, além de uma gama de atividades como oficinas de música, dança, arteterapia e Práticas Integrativas e Complementares (PICs). O Samaúma possui uma equipe formada por médicos, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que realizam tratamento clínico e formam grupos terapêuticos tradicionais”, ressaltou.
A vereadora pontuou ainda a necessidade do Samaúma disponibilizar um espaço destinado a crianças e adolescentes. “Em visita ao local, constatei a necessidade de criar mais espaços para crianças e adolescentes. A estrutura lá é ótima, profissionais atenciosos, mas falta espaço e vamos dialogar junto a Prefeitura para ampliar o atendimento”, finalizou.
Na oportunidade a Casa Legislativa recebeu a presidente da Cooperativa Social de Saúde Mental Ciranda Samaúma, Yara Bardales, que também é usuária das Raps e militante da luta antimanicomial. Ela ressaltou a Lei 12.216/01, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
“Essa lei abriu caminho para mudanças estruturais na direção do fim dos manicômios, mas, infelizmente, parece que voltamos décadas no debate e várias das técnicas usadas no passado e que não só feriam fisicamente as pessoas, como também seus direitos, voltaram a ser defendidas por gente me posição muito importante”, ressaltou Yara.
Bardales destacou ainda a importância da Rede da Atenção Psicossocial e a expansão em todo o território nacional. “Essa rede oferece acolhimento e tratamento para pessoas que estão vivenciando diferentes formas de sofrimento psicológico”, disse ao pontuar que a rede inclui o Centro de Atenção Psicossocial, mais conhecido como CAPS, serviços residenciais terapêuticos, unidades de acolhimento, leitos de saúde mental em hospitais gerais e o programa De Volta Para Casa, dentre outros.
“Por meio dessa rede, pessoas com sofrimento mental grave poderiam ter acesso a tratamento gratuito, mais humanizado e conduzidos por equipes multiprofissionais, incluindo aí médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros e outros profissionais. Além dos CAPS, também fazem parte da RAPS os Centro de Convivência e Cultura, onde a arte de conviver prevalece como uma forma terapêutica e de cuidado com a população em geral e não apenas quem está em intenso sofrimento”, disse Yara.
Ela pontuou ainda sobre a criação da Cooperativa Social de Saúde Mental Ciranda Samúma. “Criada em 2019, a cooperativa tem o objetivo de gerar renda e emponderar usuários, que não conseguiam custear a ida para consultas e atividades terapêuticas, a partir de então foram acontecendo vários encontros e através de apoio das Equipes Caps e Centro de Convivência e Cultura Arte de Ser, a cooperativa tem ganhado autonomia e espaço, junto as feiras e eventos”, frisou.
Também participou da tribuna o professor e psicólogo João Auricélio Sousa, que pontuou sobre a importância de debater e construir políticas públicas relacionadas a saúde mental. “Precisamos ampliar esse debate e esta casa Legislativa tem um papel importante. Enquanto vereadores, representantes do povo, vocês também são responsáveis por esse público que tanto precisa de uma atenção especial”, falou. E acrescentou: “parabenizo a vereadora Lene Petecão por se colocar a frente desse debate. Ela já luta há muitos anos. São quase 22 anos luta e ainda precisamos avançar”, finalizou.