O dado consta no Boletim de Conjuntura Econômica publicado nesta quarta-feira (21) pelo Fórum Empresarial de Desenvolvimento e Inovação do Acre. O estudo foi produzido pelos doutores em economia Mario Humberto Aravena Acuña e Carlos Franco em parceria com a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape).
Os especialistas levantaram dados do manejo sustentável de 1994 a 2020 nos estados da Amazônia Legal. “A produção de madeira em toras, na Amazônia Legal, obedece aos preceitos dos mecanismos que norteiam o conceito de manejo florestal sustentável com a respectiva autorização legal devidamente expedida por órgão ambiental competente, através do documento público do Plano de Manejo Florestal Sustentável, PMFS, no qual são registradas todas as atividades inerentes à extração florestal sustentável, atendendo as exigências ecológicas, econômicas e atendendo principalmente à sociedade. Sob esse conceito, a produção de madeira na região pode ser explorada cumprindo o compromisso do Brasil perante a ONU e os signatários dos acordos”, destacam os especialistas no estudo.
A pesquisa destaca também que a produção de madeira sob Planos de Manejo Florestal Sustentáveis na Amazônia Legal é de fundamental importância para o desenvolvimento da região, sendo que em 2016 mais de R$ 4 bilhões foram gerados como renda da atividade, ofertando aproximadamente mais de 70 mil empregos na cadeia de valor.
A área demandada para a exploração madeireira, na Amazônia Legal, foi de 350 mil a 650 mil hectares de florestas nativas por ano. O volume demandado nos últimos anos é de 10 a 12 milhões de metros cúbicos, volume que se tornou estável desde o ano de 2008.
No período analisado, o Pará, com 307,2 milhões de metros cúbicos de produção madeira em toras acumulados, foi responsável por 64,2% do total de produção na Amazônia Legal. O Mato Grosso ocupa a segunda posição com uma produção acumulada de 78 milhões de metros cúbicos, ou 16,3% do total, seguido por Rondônia com 37,5 milhões de metros cúbicos ou 7,8% da produção total acumulada.
O Acre só alcançou uma participação de 1,8% do total acumulado de produção de madeira tropical em toras. Nesse período, a produção acreana foi de 8,5 milhões de metros cúbicos, alcançando uma média anual entre 0,2 e 0,3 milhões de metros cúbicos de produção sob o conceito de manejo florestal sustentável.
Sobre os preços cobrados por metro cúbico da madeira, o estudo demonstra que o Acre manteve um preço médio anual de R$ 96,40 por metro cúbico de madeira tropical em toras, produzida sob plano de manejo florestal sustentável. Na Amazônia Legal, a média anual observada foi de R$ 195,60, por metro cúbico.
Com isso, os pesquisadores revelam que os preços praticados no estado acreano sempre foram menores que os preços praticados em outros estados da Amazônia Legal. A diferença é de 60% a 95% entre os preços praticados no estado acreano e os demais estados da região.
O prejuízo econômico para o Acre pela perda de renda, em 20 anos, na produção de toras de madeira utilizando planos de manejo florestal sustentável alcança um valor acumulado e corrigido monetariamente a valores de 31 de dezembro de 2020 de, aproximadamente, R$ 1,4 bilhão.
A maior defasagem ocorreu no ano de 2011, representando um valor estimado em R$ 216,5 milhões. Somente entre 2001 e 2018, o valor da defasagem de preços representa uma cifra de aproximadamente R$ 1,07 bilhão, com valores dos preços corrigidos monetariamente para 31 de dezembro de 2020.
Os professores explicam o estudo que o Acre tem um estoque de madeira considerável para utilizar sob o regime de manejo florestal, contudo, defasagem dos preços em relação aos outros estados da Amazônia e a demanda mundial que cresce a 4%, ao ano, levam a crer que o estado está remando contra a maré e não sabe aproveitar o tesouro que está literalmente à sua disposição, bastando somente o uso adequado da principal ferramenta capaz de conciliar exploração econômica florestal e sustentabilidade: o Manejo Florestal Sustentável.