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Tendência de trocar produtos por serviços pode ajudar o clima

De celulares a carros e equipamentos, avanço da economia circular permite contratar em vez de comprar. Redução no uso de matérias-prima e de energia beneficia toda a sociedade.
Os consumidores, principalmente os mais jovens, estão mais preocupados com o resultado que vão obter ao utilizar um produto do que em ter sua propriedade. Essa tendência pode ajudar a evitar uma prática predatória da indústria: a obsolescência programada – ou percebida – que faz com que um bem dure menos, obrigando a aquisição constante de novos produtos. À medida em que mercadorias viram serviços, ninguém mais tem interesse em produzir coisas que quebram fácil ou saem de linha. E o Clima da Terra pode ser o principal beneficiado.
O que alguns analistas estão chamando de “Era dos Serviços”, está se tornando um movimento em que empresas deixam de apenas fabricar ou vender artigos para tornarem-se prestadoras de serviço, com modelos de negócio por assinatura. O número de itens que já podem ser contratados desta forma só aumenta — de celulares a carros, passando por eletrodomésticos, maquinários e móveis.

“Não é difícil de entender por que assinar pode ser mais sustentável que comprar. Telefones celulares, por exemplo, são trocados a cada dois anos no Brasil, apesar de muitos durarem cinco anos ou mais”, afirma Stephanie Peart, que está à frente da Leapfone, um serviço de aluguel de celulares.

“Milhões de aparelhos acabam parados em gavetas ou descartados no meio ambiente. Com serviços de assinatura, um smartphone que já não serve para uma pessoa pode ser reformado e disponibilizado para outra, ganhando nova vida”, explica.
Ao se tornarem prestadores de serviços, os fabricantes passam a ser os maiores interessados em que seus produtos sejam duráveis, reparáveis e recicláveis. Em um sistema ideal de economia circular, não há desperdício de recursos ou descartes. Isso significa que menos matéria-prima é utilizada, protegendo o clima do planeta do aumento da poluição e de atividades que agridem o ambiente, como a mineração e a produção petroquímica de plástico virgem.

Mas a logística circular é apenas uma parte de uma mudança profunda no paradigma industrial. Sua construção exigirá transformações radicais de infraestrutura, e as empresas ainda não sabem que investimentos são necessários para atingir metas razoáveis de circularidade.

Além disso, barreiras culturais entre os tomadores de decisão, tanto no mundo empresarial, como nos governos, devem atrasar a transição para um modelo plenamente circular.

Um ponto crucial será a criação de políticas pública e privada de reutilização e reciclagem de materiais e o fortalecimento da mão de obra deste setor. Em 2019, 91% do plástico utilizado pela indústria em todo o mundo não era reciclado, sendo a poluição plástica, isoladamente, uma das principais crises ambientais do mundo atual.

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