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Direto de Natal, crônicas de Stélio mostram a gente, os bares e a Praia do Meio

 

Antes de empreender na indústria da comunicação em Rio Branco, o jornalista Antônio Stélio de Araújo Castro, 62, foi uma espécie andarilho literário. “Um poeta vagabundo de boina e casaco a perambular pelo país vendendo poesia por feiras e bares, se hospedando em residências universitárias ou pensões baratas, num périplo que começou em São Paulo e estacionou um tempo no Rio de Janeiro, outro no Espírito Santo, onde nasceu Stélia, para depois adentrar por cidades nordestinas e escolhendo a capital potiguar para o seu canto definitivo. Ah, que tempo paradoxal: sofrido e feliz”, escreve ele, no prólogo de seu 12º livro, “Crônicas da Praia do Meio” que vai ser lançado na próxima terça-feira, 10, às 19 horas no Bardallo’s Comida e Arte, em Natal, e sem previsão de lançamento em Rio Branco.
Entre idas e vindas, Stélio vive na capital potiguar desde 1986. A cidade foi eleita como sua derradeira moradia depois de percorrer opções tão diversificadas como Ribeirão Preto, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vila Velha, Vitória, Salvador, Maceió, Olinda, Recife, Campina Grande, João Pessoa, Fortaleza, Teresina, São Luís e Caicó. Cidades que, diz ele, marcaram por demais uma trajetória libertária e libertina, sobretudo as duas últimas.
– Em João Pessoa, por exemplo, experienciei uma avassaladora paixão – a doce e jovem Simone me seduziu com sua beleza do cariri paraibano -, enquanto que, em Natal, a própria cidade me fisgou, como língua de lagarto. Como se apaixonar por uma cidade? Não sei hoje e não sabia na época.
Em 1995, em sociedade com o empresário Elson Dantas, Antônio Stélio fundou o jornal Página 20, o primeiro tabloide diário de Rio Branco e o primeiro jornal do Acre na internet. Um ano antes, Stélio foi responsável pela criação e execução do projeto gráfico e editorial do jornal A Tribuna, do empresário Ely Assem. Desfeita a sociedade no Página 20, em 2002 o jornalista tornou-se colunista do jornal A Gazeta e no ano seguinte fundou o semanário “Segunda Feira”, ao mesmo tempo em que pesquisava e realizava as entrevistas para duas edições da revista “Brava Gente Acreana”.
Enfim, apesar da diversidade de sua atuação na imprensa acreana, Antônio Stélio ficou mais conhecido pela boemia, um vício que ele não esconde e ainda o exalta nestas crônicas da Praia do Meio.
– Hoje alterno boemia e espiritualidade: há dias em que bebo, há dias em que medito; há dias em que sou o barulho do bar e há dias em que sou o silêncio da solitude, quando contemplo o mar. Antes, porém, a noite era o meu templo, a poesia o meu sustento e a mulher o meu intento. Era, enfim, um boêmio que cultuava a prática, mesmo às segundas-feiras. Por isso, quando adentrei a Praia do Meio – há décadas – senti encontrar meu paraíso. E isto tinha sua razão de ser. Era a praia mais boêmia da Cidade do Natal.

A bem da verdade, como todo cronista e poeta, Antônio Stélio exagera nas façanhas etílicas e fala mais do que bebe, até porque não pode abusar desde que, em 2012, sofreu um piripaque e os cirurgiões o rechearam de peças metálicas para drenar suas veias e descansar-lhe o coração.
Pois ele não parou de escrever nem mesmo enquanto estava na convalescência das cirurgias e, no leito do Hospital das Clínicas de São Paulo, finalizou o romance O Escaravelho da Floresta (Livre Expressão, 2012 – Livraria Paim) e publicou Vovó Leu Nietsche.
Mais recentemente, em 2016, Stélio publicou duas obras que eram uma exigência no circuito do jornalismo e da literatura acreanos: a biografia do promotor de Justiça e poeta Juvenal Antunes (O Anjo Devasso) e a história romanceada do assassinato da professora Rosalina (Rosalina, Meu Amor), ambos pela editora Sebo Vermelho, de Natal.
Tanto a história do poeta potiguar que viveu 27 anos em Rio Branco, como a de Rosalina eram de domínio público, muito comentadas em mesas de bar, mas nunca foram devidamente esmiuçadas com método e rigor acadêmicos. Em O Anjo Devasso, Stélio adverte que não pretende esgotar o assunto, pois o poeta Juvenal tem uma obra muito extensa e dispersa, mas em Rosalina, pode-se dizer que Stélio esgotou o assunto ao transcrever as minúcias da denúncia redigida pelo delegado de Polícia que revela, entre outras coisas, que gente importante tentou livrar a cara do assassino, entre os quais o pai do compositor João Donato.
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