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O Programa de Pós-Graduação Integração da América Latina (Prolam) da USP vai promover, de 4 a 8 de novembro, o IV Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina e o II Congresso Internacional Pensamento e Pesquisa sobre a América Latina. Segundo os organizadores, o objetivo é reunir pesquisadores e especialistas, estudantes e demais interessados envolvidos nas várias atividades dos eventos, para reconhecer e debater o pensamento social e das humanidades produzido sobre a América Latina. As atividades serão realizadas no Auditório Nicolau Sevcenko da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), na Cidade Universitária, campus Butantã, São Paulo. As inscrições são pagas e podem ser feitas na página do evento, onde está a programação completa.
O seminário vai contar com 13 mesas-redondas e conferências e mais de 600 trabalhos inscritos para apresentação, além de 15 cursos e lançamentos de 30 novos títulos sobre a América Latina. Estarão presentes pensadores de renome das instituições do Brasil e de países da América Latina. Entre os convidados, estão os antropólogos Gregório Mesa Quadros, da Faculdade de Direito, Ciências Políticas e Sociais da Universidade da Colômbia, e Rita Segato, da Universidade Autônoma de Entre Rios, Argentina, além da educadora Dalila de Oliveira, da Universidade Federal de Minas Gerais.
As atividades criarão o cenário para as apresentações das pesquisas dos participantes latino-americanistas brasileiros e estrangeiros para que sejam contemplados e atualizados os eixos temáticos dos dois eventos, que constituem pautas obrigatórias para entender o papel da América Latina na complexa cena mundial. Além das diversas atividades acadêmicas, acontecerá o Fórum Internacional Latino-Americano, que tem como objetivo estimular intercâmbios de instituições e ações políticas conjuntas sobre a América Latina.
Destaques da programação
A conferência de abertura, no dia 4 de novembro, às 18h, ficará a cargo de Gregório Mesa Quadros, da Universidade Nacional da Colômbia, que vai falar sobre as Sociedades Rurais, Conservação, Justiça e Direitos Ambientais na era do Capitaloceno Androcêntrico. Ele discutirá o que denomina de um dos maiores desafios dos últimos tempos que é a resolução dos conflitos climáticos e a recomposição do que foi expropriado da Natureza. Para ele “as sociedades étnicas e camponesas têm contribuído significativamente para a conservação das florestas naturais, dos solos e das águas que são elementos substanciais para a vida presente e futura”, muito embora suas ações terem sido ignoradas pela visão hegemónica de desenvolvimento do mundo eurocêntrico ocidental moderno.
No dia 5 de novembro, às 18h30, o sociólogo e crítico de arte colombiano Armando Silva vai desenvolver o tema Desde dónde pensar e imaginar América Latina? Como pesquisador que já esteve várias vezes ao Brasil, desenvolvendo trabalhos em equipes sobre os imaginários urbanos, a questão que o estimula é pensar na correspondência entre os mapas urbanos e geográficos com os mapas da percepção sensorial.
No dia 6 de novembro, às 18h30, a programação prevê a presença do sociólogo argentino Gabriel Merino, da Universidade Nacional de la Plata, que vai refletir sobre a América Latina e a transição do poder mundial: o cenário geopolítico. Merino é docente e pesquisador Adjunto do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), ministrando cursos no Instituto de Investigación en Humanidades y Ciencias Sociales (IdIHCS) da UNLP, no Centro de Investigaciones Socio Históricas (CISH) e no Centro de Investigaciones Geográficas (CIG), da mesma universidade. Desenvolve pesquisas sobre as consequências das guerras híbridas para os processos de integração regional e mundial da América Latina.
A penúltima palestra do congresso, que ocorrerá no dia 7 de novembro, às 18h30, ficará a cargo da antropóloga argentina Rita Segato, conhecida no Brasil por suas várias passagens nas universidades brasileiras e suas reflexões sobre direitos humanos e violência com as mulheres. Sua palestra terá como tema Falemos do Futuro: Utopias ou Horizontes. A antropóloga é titular da Cátedra Aníbal Quijano do Museu Reina Sofía de Madrid, desde 2018, e, em 2019, na Universidade Nacional de San Martín (Unsam) da Argentina criou a cátedra.
Rita Segato tem Pensamiento Incómodo sob sua direção. Atualmente é uma das diretoras do Curso Internacional de Estudos Afro-Latino-Americanos e Caribenhos, do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO). Foi pesquisadora visitante e ministrou seminários de pós-graduação em diversas instituições acadêmicas nos Estados Unidos, Europa e América Latina. No Brasil, é Professora Emérita da Universidade de Brasília, onde ministrou vários cursos.
A educadora Dalila de Oliveira, docente da Universidade Federal de Minas Gerais fará a conferência de encerramento do congresso, no dia 8 de novembro, às 18h30, sobre a temática Educação, políticas públicas e Justiça Social na América Latina, Ciência e Tecnologia. Dalila de Oliveira é autora de vários livros sobre educação e profissionalização do docente, desenvolve pesquisas no exterior com ênfase na formulação de políticas públicas e trabalho de educadores na América Latina.
Diversas atividades
Além das conferências, serão realizadas mesas-redondas, sempre das 14h às 18h, com convidados e debatedores de inúmeras universidades e instituições do Brasil e de países da América Latina. Os temas compreendem as diversas questões em pauta sobre a América Latina, como os problemas resultantes do aquecimento global e a concentração da pobreza; as produções, a crítica e a recepção da arte; o campesinato latino-americano nos mundos das águas, das florestas e dos campos; as ciências e a tecnologia; as dimensões históricas da América Latina; o desenvolvimento e as questões ambientais; os direitos humanos; a divulgação científica e suas políticas; a educação, políticas públicas e justiça social na América Latina; questões ligadas à geopolítica mundial e latino-americana.
Também serão debatidos temas como o desenvolvimento das metrópoles e seus desafios, a relação entre pobreza e migração; os órgãos internacionais e a sua participação nas políticas sociais para a América Latina; o surgimento da extrema-direita e a política em países da região; as questões étnico-raciais, de gênero e religiosidade; o aquecimento global e a relação à pobreza; violência, tráfico de drogas e segurança pública.
O lançamento de livros e o Fórum Internacional Latino-Americano e Caribenho de Instituições terão lugar no saguão ao lado do Auditório Nicolau Sevcenko. As demais atividades, minicursos e seminários de pesquisa estarão alocados nas unidades da FFLCH, conforme programação a ser divulgada na recepção do evento. Os editais para a participação das várias atividades congressuais estão ainda abertos ao público e podem ser conferidos na página do evento.