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Sem Jarude, debate final em Rio Branco é marcado por troca de farpas entre os candidatos

Saimo Martins/ac24horas —-

Sem a presença de Emerson Jarude (NOVO), os candidatos à prefeitura de Rio Branco, Jenilson Leite (PSB), Marcus Alexandre (MDB) e Tião Bocalom (PL), participaram do último debate realizado pela Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, nesta quinta-feira, 3, a poucos dias das eleições municipais. O debate não trouxe grandes novidades em relação aos encontros anteriores, com os candidatos voltando a trocar acusações e “alfinetadas” em alguns momentos. Além disso, cada um apresentou algumas das principais propostas de seus planos de governo para o mandato de 2025-2028.

1º bloco

O debate foi mediado pelo jornalista Fabiano Villela, repórter da Rede Globo, e começou com Jenilson Leite abordando Bocalom sobre se o prefeito, caso reeleito, abandonaria a gestão no meio do mandato. “Apesar de tantas dificuldades que a gente teve, como foi o caso de três alagações, nunca um prefeito pegou três alagações até hoje. Nós pegamos uma pandemia, pegamos uma prefeitura que precisava ser totalmente reestruturada, sem equipamentos, nem mesmo equipamentos informáticos, em uma situação crítica, e, graças a Deus, organizamos tudo. Para se ter noção, a prefeitura tinha apenas uma patrulha para cuidar das ruas e dos ramais do Irmã. Hoje, temos 12. Organizamos tudo direitinho e quero continuar trabalhando, mostrando que se não roubar o dinheiro dá, atendendo bem as pessoas, cuidando bem da cidade e também do campo, porque a riqueza vem do campo para a cidade”, disse Bocalom. Jenilson rebateu mencionando as promessas de Bocalom. “A questão do transporte coletivo, que também foi uma promessa sua de que melhoraria o transporte, não aconteceu. Você está chegando atrasado no trabalho e na escola. Na nossa gestão, nós vamos cuidar desses problemas com dedicação durante quatro anos. Vamos trabalhar na saúde, criando o Centro Especializado de Saúde da Mulher, inclusive em homenagem ao mês de Cuidado das Mulheres”, afirmou.

O candidato Marcus Alexandre abriu sua participação lamentando a ausência de Emerson Jarude e questionou Jenilson sobre as pessoas que estão deixando o estado. Jenilson falou de suas propostas: “Durante a campanha, eu sempre perguntei nas reuniões se alguém conhecia alguém que foi embora do Acre para trabalhar em Santa Catarina, e a maioria levantava a mão confirmando que conhecia. Isso porque, de fato, a produção para empregar não está gerando emprego”, comentou. Marcus então apresentou suas propostas para a cidade: “Ficamos os últimos anos apenas em promessas. Foram mil e uma casas que não foram construídas, a água que não chegou na casa das pessoas. Em quase quatro anos, foi construído um único posto de saúde. Nós vamos reativar a construção civil e voltar a construir habitações”, disse ele.

O esperado embate entre os principais candidatos ocorreu quando Tião Bocalom questionou Marcus sobre suas propostas para a agricultura. Marcus respondeu: “Eu andei pela Transacreana nesses últimos 10 meses e vi o trabalho que o prefeito disse que fez. O pessoal da região está dizendo que não vota mais nele porque o ramal, que deveria dar acesso de inverno a verão, não foi feito. Vamos construir uma base da prefeitura na Transacreana e estruturar os equipamentos”, disse. Bocalom rebateu, afirmando que já fez 1.500 km de ramais que estão funcionando de inverno a verão, além de consertar tratores e melhorar a mecanização agrícola.

2º Bloco

Na continuação do debate, com o tema “Emprego e Renda”, Marcus Alexandre e Bocalom novamente entraram em rota de colisão. Marcus questionou o prefeito sobre o programa das 1.001 Dignidades. Bocalom defendeu seu projeto: “Quem sempre fez casa por aqui foi o estado; na gestão dele nunca fez, não tinha dinheiro para dar contrapartida, mas nós temos. Preste atenção, nós já começamos este ano o início da construção das primeiras casas do Minha Ida, são 685, e mais 442 também junto com a Caixa Econômica. Minha Dignidade também, os terrenos já estão sendo preparados, só não foram entregues este ano porque o ano é eleitoral. Ela vai ser doada, não será cobrada de ninguém”.

Marcus respondeu, dizendo que a gestão de Bocalom não entregou casas nos últimos anos. “Você acabou de confirmar aqui, na frente de todo mundo que está assistindo, que você não fez nenhuma casa. Você comprou umas madeiras velhas de lenha, trouxe toras, gastou mais de R$ 6 milhões, fez um acordo com a madeireira, está pagando o pátio da madeireira e sabe o que você ganhou, Bocalom? Uma tábua de carne. Mas você não entregou nenhuma casa. Você passou 4 anos e agora está dizendo que vai fazer no ano que vem. Quatro anos para fazer uma única casa”, afirmou.

O candidato Jenilson Leite debateu infraestrutura com Marcus Alexandre e questionou os programas para o asfalto nas ruas. “Nós fizemos o maior programa de infraestrutura desta cidade. Olha, nós duplicamos a Apolônio Sales, do posto Talma até a parada final, passando pelo Pirelli Curina. Nós fizemos a duplicação da estrada da Floresta e a duplicação da estrada da Sobral. No segundo distrito, levamos infraestrutura. Iniciamos um trabalho em vários bairros da cidade. Trabalhamos muito, não foi só no período próximo à eleição, como estamos assistindo agora. A questão, Jenilson, é que a atual administração passou três anos e meio sem fazer manutenção, se recusando a fazer o trabalho”, comentou. Leite usou a réplica para relembrar que Marcus abandonou o mandato. “A verdade é que Marcus Alexandre, quando deixou a Prefeitura de Rio Branco, abandonou o mandato que vocês deram a ele pela metade”, criticou.

Ainda durante o bloco, Tião Bocalom e Jenilson Leite discutiram o transporte público. O candidato do PSB criticou o atual sistema: “Tiveram dez anos para melhorar o transporte coletivo, mas o que vimos ao longo desta campanha foram as agressões que prevaleceram, você rotulando ele de corrupto e ele tentando rotular você de mentiroso. E a população, que de fato está vivenciando o problema do transporte coletivo, não se beneficiará desse debate, dessa briga. É preciso fazer a licitação e exigir que as empresas coloquem ônibus novos em quantidades adequadas. Precisamos trabalhar quatro anos para melhorar a infraestrutura das ruas”, revelou. Bocalom se defendeu e mostrou as melhorias feitas em sua gestão: “Estou conversando com você, que usa transporte público. Antes, era uma caixa-preta, você não sabia que pagava as gratuidades. Quem pagava a diferença? Você. A pessoa idosa andava de graça, e ainda anda de graça, quem pagava a diferença? Você. As pessoas com problemas físicos andavam de graça, quem pagava a diferença? Você. E nós puxamos isso para nós. Isso foi o que fez com que abríssemos a famosa caixa-preta. Foi isso que eles nunca tiveram coragem de falar para você. Baixamos a passagem para R$ 3,50. Vamos continuar com a passagem de R$ 3,50, não importa o valor do diesel”, garantiu. Jenilson usou a tréplica para afirmar que Bocalom não abriu a famosa caixa-preta.

3º bloco

Durante a abertura do bloco, Tião Bocalom conversou com Jenilson Leite sobre saúde pública e indagou o médico sobre suas propostas em um tom ameno. “Nós vamos fazer, na nossa gestão, três mudanças importantes para melhorar a saúde do Rio Grande. Vamos estender o horário de atendimento nas URAPs, que são os maiores centros de saúde, até as 10 horas da noite. Vamos criar o Centro Especializado de Saúde da Criança, um ambiente para atendimentos de urgência, sem internação”, mencionou.

Bocalom falou sobre o investimento em sua gestão: “Nós reformamos 26 unidades de saúde que estavam prestes a cair na cabeça das pessoas e estamos autorizando a reforma de mais 20 agora. Vamos construir mais 7 unidades de saúde, já está autorizado e licitado. Vamos contratar mais médicos, mais enfermeiros, tanto que o nosso concurso público já está pronto para convocação a partir do dia 1º. E vamos continuar melhorando a qualidade do atendimento e, principalmente, não deixar faltar medicamentos como antes”.

Em um novo confronto entre os principais postulantes ao Poder Executivo, Marcus Alexandre questionou Bocalom sobre os projetos na área das creches na capital e parcerias com igrejas e casas de recuperação. O prefeito garantiu a manutenção dos convênios na próxima gestão: “Vamos continuar trabalhando firmemente, não tenho dúvida nenhuma. Nossa cidade hoje está muito bonita. Quanto às parcerias, continuaremos com todas as possíveis. Agora, algumas creches, por exemplo, tinham parceria, mas o próprio Ministério na época dele pediu para acabar com elas, pois não tinham condições de trabalhar. Nunca houve vaga para crianças de 0 a 2 anos aqui, mas agora já começamos a criar e as 4 novas creches que estamos fazendo são com recursos próprios”.

Alexandre rebateu: “Rodeou, rodeou e fugiu da resposta. A verdade é que eu não sei o que o Bocalom tem contra as igrejas, porque as casas de recuperação deixaram de ser apoiadas e a população em situação de rua triplicou. É só ir ao centro da cidade e ver a situação deles. Vamos também fazer uma parceria muito importante para rever a taxa de serviços urbanos”, disse.

Jenilson Leite deu continuidade ao debate, tocando em um tema delicado, pedindo que Bocalom se desculpasse com a jornalista Quésia Melo. Bocalom falou sobre o respeito às mulheres: “Quem tem problemas com a justiça vai se resolver com a justiça. Eu não tenho. Graças a Deus, sempre procurei respeitar a nossa prefeitura. A grande maioria das pessoas que ocupam cargos especiais, cargos de chefia, são mulheres. Elas sabem como eu as respeito. Muitas vezes, há quem só fale, mas não respeite. Eu respeito e vou continuar respeitando as mulheres. Todos sabem do meu comportamento. Tenho 71 anos e nunca tive nenhum problema”, ressaltou.

Leite retrucou, dizendo que Bocalom fugiu do tema: “O prefeito rodou, rodou, rodou e não pediu desculpas à repórter. Esse assunto mexe muito com ele, porque, de fato, a gestão dele não vem tratando as mulheres de Rio Branco como elas merecem. As mulheres rio-branquenses merecem muito mais do que o que a gestão do prefeito Bocalom está oferecendo. Na nossa gestão, eu já disse e vou repetir, vamos criar um centro especializado em saúde da mulher para cuidar da sua saúde”.

Na tréplica, Bocalom voltou a falar sobre o tema: “Estamos cuidando das mulheres em todos os sentidos. A Casa Rosa Mulher realizou mais de 100 mil atendimentos nesses quatro anos”, concluiu o bloco.

4º Bloco

No último bloco, o candidato Marcus Alexandre abriu perguntando sobre a recuperação de ramais ao prefeito Tião Bocalom. Em resposta, ele mencionou o trabalho realizado no Baixa Verde: “O que importa para mim são os vídeos que recebemos o tempo todo da zona rural, a não ser que o senhor não conheça o Baixa Verde, que antes não rodava de inverno a verão. O Barro Alto tinha uma subida chamada ‘subida do inferno’, que nunca conseguiu ser arrumada. Agora você vem dizer que não andou por lá, mas lá na roda rodou o ano passado”.

Na réplica, Alexandre chamou novamente Bocalom de mentiroso e rebateu a fala do adversário: “Olha, Boca. Seu nariz vai crescer se continuar mentindo assim. Primeiro que ele não fez, ele só raspou os ramais quando começou a chover. Boa parte do que ele fez não vai dar acesso, porque eu estive na Transacreana toda. Não houve os compromissos que ele fez, nem produziu, nem empregou. O que Bocalom não está contando aqui é que teve que trocar a equipe de ramais duas vezes por denúncias”, garantiu.

Em seguida, Bocalom continuou e debateu sobre corrupção no serviço público com Jenilson Leite. O candidato do PSB criticou o financiamento feito pela gestão municipal: “Bocalom disse que se não roubar o dinheiro, dá. Mas o dinheiro não deu para muitas coisas, e ele teve que pedir empréstimo. Não deu para fazer as casas, foi pedir dinheiro para o governo federal. Não deu para fazer o elevado, não deu para tapar os buracos das 600 ruas que você mora e tem que sair de casa com o saco no pé”, confrontou.

O prefeito aproveitou para desmentir o candidato: “Deixa eu dar exemplos aqui. Nós gastamos R$ 180 milhões com o Saerb, e esse dinheiro não veio do governo federal, nem do estadual, veio da prefeitura. Gastamos R$ 18 milhões no elevado, que vai ficar pronto daqui a alguns dias. Gastamos R$ 90 milhões depois da alagação e R$ 30 milhões para recuperação, recursos próprios”, respondeu. Jenilson usou a tréplica para criticar os cargos comissionados.

No encerramento do bloco, Jenilson Leite e Tião Bocalom debateram sobre o meio ambiente. O médico criticou a qualidade do ar em Rio Branco. O prefeito afirmou que as queimadas não são do município: “O lixão da Transacreana queimava todos os anos. O lixo no fundo do quintal, ninguém recolhia. É uma cultura o povo botar fogo no lixo do quintal. Os produtores rurais aqui ao redor de Rio Branco tinham que queimar porque não havia mecanização. Nós fizemos mais de 1.500 hectares de mecanização no ano passado. Então, de 1.800, 1.500 produtores deixaram de queimar”, destacou.

Jenilson rebateu, afirmando que as fumaças vêm da cidade e cobrou providências do gestor público: “Nunca se viu em nossa capital tanta fumaça como este ano. Vocês perceberam a quantidade de queimadas, inclusive em áreas de proteção ambiental aqui em Rio Branco. Enquanto isso, tinha um local muito dedicado à sua campanha, com mil carros nas ruas de Rio Branco para pedir voto. Mas a secretaria de meio ambiente deve ter muito pouco carro, muito pouco combustível para combater os focos de queimadas. Inclusive, a estrada do aeroporto foi fechada por conta das queimadas. O Irineu Serra pegou fogo”, explicou.

No encerramento, os candidatos fizeram suas considerações finais no debate, voltaram a criticar uns aos outros e pediram votos. Além disso, cada candidato fez uma avaliação do encontro.

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