Viu uma barata morta? É provável que ela estivesse de “barriga para cima”. E por que isso acontece?
Primeiramente, é bom saber que nem sempre as baratas morrem nessa posição, mas isso ocorre frequentemente.
Quando a barata cai de algum lugar ou perde força e controle motor das “pernas”, o corpo pende para o lado mais pesado — que, no caso de muitos insetos, é o dorso.
Ao entrar em contato com inseticidas, por exemplo, o envenenamento provoca espasmos que fazem a barata tombar e “espernear” até morrer, sem força nem coordenação para virar as pernas para baixo.
Isso acontece porque, assim como a maioria dos insetos, as baratas não têm músculos nas pernas. Além disso, sua respiração é involuntária.
Suas pernas funcionam por um mecanismo diretamente ligado às entradas de ar dos insetos, nas laterais do corpo.
Ao jogarmos veneno, ou outros gases, como desodorante, todos os músculos da barata se contraem. Isso faz com que as pernas se transformem em “molas” para empurrá-la e assim, tombá-la de costas.
Além disso, o formato plano do dorso e da maioria das superfícies presentes nos ambientes urbanos, sem relevos irregulares ou objetos em que ela possa se agarrar, como folhas e gravetos, dificulta a vida da barata na tentativa de ficar sobre as “pernas” novamente.
Em resumo, o fenômeno é basicamente fruto da ação gravitacional sobre a parte mais pesada do corpo da barata em conjunto com a perda de controle motor ou falta de recursos no ambiente para virar o corpo.
Fonte: Renan Carrenho, biólogo e doutorando pelo Museu de Zoologia da USP.