De janeiro de 2024 até o fim de março, o Brasil registrou mais de 2,3 milhões de casos prováveis de dengue. Toda a população deve se prevenir e, para quem está à espera de um bebê, o cuidado deve ser redobrado, pois o risco de desenvolvimento severo da doença é maior para as gestantes, já que o sistema imunológico está dividido entre a mãe e o feto.
As mulheres grávidas devem, ainda, estar atentas aos sinais da dengue, já que os sintomas podem ser facilmente confundidos com os da gestação, o que pode causar o diagnóstico tardio e gerar complicações para os bebês, como baixo peso ao nascer e um risco ampliado de hospitalização.
“Em geral, as manifestações são dominadas por um mal-estar inespecífico, fadiga, dores pelo corpo, nas articulações e no fundo dos olhos, febre, cefaleia e manchas na pele”, explica o médico infectologista da Santa Casa de Araçatuba, Dr. Fábio Bombarda.
Algumas outras características gestacionais comuns podem ser exacerbadas quando se está com dengue, como o aumento da permeabilidade dos vasos de todo o corpo e da placenta, que pode resultar em uma ampliação nas taxas de abortamento, prematuridade, restrição do crescimento do bebê e até morte fetal.
“A dengue é uma doença grave e na gestação o perigo é ainda maior, então, é muito importante nos primeiros sinais a mulher busque atendimento médico para o diagnóstico e acompanhamento”, alerta a diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.
“O diagnóstico feito de maneira precoce contribui para uma ação mais efetiva e uma redução da morbidade e da mortalidade”, ressalta o infectologista.
Nenhuma das vacinas disponíveis atualmente são recomendadas para o uso gestacional, por serem feitas com vírus vivos atenuados. Por isso, investir em controle dos criadouros de Aedes Aegypti, criar barreiras mecânicas para evitar que o mosquito entre nas residências, fazer uso de repelentes e vestir roupas apropriadas continuam sendo as ações mais indicadas para as gestantes e toda a população.
Em caso de suspeita de dengue, repouso e hidratação são fundamentais. Nos casos mais graves é preciso internação, de preferência em unidades que possam atender complicações maternas e que estejam aptas a detectar problemas na gestação (maternidades de alto risco fetal).
Em situações em que a mulher esteja amamentando, o aleitamento deve ser estimulado mesmo em casos de confirmação da doença, pois o vírus da dengue não é transmitido pelo leite materno.
A vacina da dengue (atenuada) é contraindicada para lactantes, porém na impossibilidade de adiamento da vacinação, como situação de emergência epidemiológica, vigência de surtos ou epidemias, ou em caso de vacinação realizada de forma inadvertida, nota técnica do Ministério da Saúde orienta a suspensão da amamentação por 15 dias após a vacinação. A mãe deve buscar uma Unidade Básica de Saúde ou a Rede de Banco de Leite Humano para orientação e acompanhamento, a fim de manter a produção de leite e garantir o retorno ao aleitamento. Durante a suspensão da amamentação, recomenda-se a extração e o descarte do leite regularmente.