fbpx

Por 

**Observatório do Clima**

A área sob alertas de desmatamento em novembro atingiu 555 km2, um aumento de 123% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do sistema Deter-B, do Inpe, divulgados nesta sexta-feira (9/12). É o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 2015, perdendo apenas para o segundo ano do regime Bolsonaro, em 2020, quando a área desmatada em novembro chegou a 563 km2.

O acumulado de alertas de agosto a novembro atingiu 4.574 km2, recorde da série histórica. Já é maior inclusive que todo o período de agosto a dezembro de 2020, que registrou 4.476 km2. Como a taxa de desmatamento na Amazônia é medida sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte, o estrago será herdado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, na taxa de 2023. O aumento em relação ao mesmo período do ano passado é de 51%.

O município com maior área desmatada nos últimos quatro meses foi Lábrea, no Amazonas, com 209 km2. Lábrea é uma das cidades que ficam no eixo da BR-319 (Manaus-Porto Velho), obra da ditadura militar que o governo Bolsonaro retomou – a licença prévia para o asfaltamento da rodovia foi concedida em junho, atropelando pareceres de técnicos do próprio Ibama. O aumento do corte raso na região é explicado pela expectativa da obra, que corta o maior bloco de florestas intactas do bioma.

A taxa oficial de desmatamento deste ano, medida por outro sistema do Inpe, o Prodes, foi divulgada no último dia 30: mesmo com uma queda de 11% no último ano, o mandato atual teve o maior aumento da devastação desde o início das medições por satélite, na década de 1980. Enquanto o desmatamento subiu 60% em quatro anos, as multas aplicadas pelo Ibama na Amazônia caíram 38% no mesmo período. A BR-319 é um dos fatores que explicam o fato de o Amazonas ter sido o único Estado com desmatamento em alta no ano de 2022.

“O que vemos na Amazônia é resultado de um plano de destruição implementado pelo atual governo. Bolsonaro deixará uma herança nefasta para o Brasil, e deve ser responsabilizado legalmente por toda a destruição que causou”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Esse resultado chega três dias depois da aprovação da regulação europeia contra o desmatamento importado. Os números nos deixam mais distantes de nos ajustar à nova lei, prejudicando o agronegócio brasileiro e a imagem do país no exterior.”

Neste artigo