Uma angústia que dura mais de quatro anos pode estar perto do fim. É o caso do mecânico de manutenção Sandro Andrade, que está à procura do seu filho Samuel Gustavo, desaparecido desde 2017. Ansioso por notícias, o pai decidiu doar, voluntariamente, uma amostra do próprio DNA.
O fatídico dia, que culminou no sumiço de Samuel, foi em 9 de dezembro de 2017. Na época com 19 anos, Samuel havia saído com o irmão mais novo, Júnior, na região de Interlagos (SP), para um evento noturno. “Samuel não tinha vícios e estava empolgado e feliz com as coisas boas que estavam acontecendo na vida dele. Também tinha acabado de tirar a primeira habilitação para dirigir”, lembra o pai do jovem. Samuel era um rapaz cheio de sonhos e tinha sido aprovado recentemente em um curso profissionalizante de informática.
O irmão mais novo contou que naquela noite resolveu voltar para casa depois da festa e que chamou o Samuel para irem juntos. Porém, o jovem estava conversando com uma menina e preferiu ficar mais um pouco no evento. Dessa forma, iria posteriormente para casa. Júnior, então, não se preocupou, foi direto para a residência e dormiu com a certeza de que ao acordar encontraria o irmão na cama ao lado, como de costume.
Sandro tinha o costume de passar pelo quarto dos filhos antes de ir trabalhar, sempre por volta das 4h30 da manhã. Porém, naquela madrugada só viu o filho caçula. Assustado, o pai acordou o garoto mais novo e perguntou por Samuel. Então Júnior relatou os fatos e a partir daquele momento a família começou a viver um drama que dura até hoje. De acordo com Sandro, parentes e amigos iniciaram as primeiras buscas na manhã daquele mesmo dia. O boletim de ocorrência foi registrado à tarde e a queixa na delegacia de homicídios e proteção à pessoa ocorreu no segundo dia útil após o desaparecimento de Samuel, ocorrido em um sábado.
Há um ano, Sandro vislumbrou uma nova esperança de encontrar o filho com a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas. Assim que tomou conhecimento da campanha, Sandro e a esposa se dirigiram ao IML Sul, em São Paulo, para doar amostras de DNA. O material genético foi coletado da saliva do casal. O procedimento é indolor e leva apenas alguns minutos.
A iniciativa do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Justiça, já ajudou 57 famílias com informações sobre seus entes queridos. Em um dos casos, uma pessoa foi encontrada com vida e pôde reencontrar seus parentes. “É de extrema importância essa política pública porque o desaparecimento involuntário desestrutura as famílias e causa um grande transtorno psicológico”, comenta Sandro.
O DNA de Sandro foi inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), administrado pela Polícia Federal. Peritos estão comparando a amostra com os 6.610 perfis de pessoas de identidade desconhecida e 5.832 de restos mortais não identificados. O perfil genético dele permanecerá no banco até que o familiar seja identificado. A busca é feita diariamente à medida que novos perfis são inseridos. Se a semelhança genética for encontrada, a família é comunicada pela Delegacia ou IML.
Busca e localização
Para ampliar a possibilidade de encontrar ou identificar pessoas sem paradeiro, o MJSP assinou, no dia 24 de maio de 2022, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que vai possibilitar a integração de dados do BNPG com o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid) – desenvolvido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, em 2017.
O objetivo é criar um cadastro de nível nacional e assim, aumentar as possibilidades de divulgação e gestão dos dados de pessoas desaparecidas entre as instituições policiais, periciais, de direitos humanos, saúde e assistência social do País. “Quanto mais informações atualizadas estiverem nas ferramentas do Sinalid ou Sinesp, maior será o apoio aos familiares de pessoas desaparecidas para localizar seus entes queridos.”, reforça o ministro da Justiça, Anderson Torres.
O acordo foi assinado entre o MJSP, Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Ministério Público do Rio de Janeiro e Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas
Em vigor desde 25 de maio de 2021, a Campanha envolve as 27 unidades federativas. O principal objetivo desta ação é dar esperança aos familiares de pessoas desaparecidas, pois cria a oportunidade de identificar o parente por meio do exame de DNA e do Banco Nacional de Perfis Genéticos.
Para saber mais acesse: https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/desaparecidos
MJ