Levantamento feito pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento em parceria com a União dos Ciclistas do Brasil, mostrou que 4 em cada 5 pessoas moram distante das vias destinadas a bicicletas nas capitais brasileiras.
Apenas 13% da população com renda abaixo de um salário mínimo mora próximo a essa estrutura, enquanto 30% dos moradores com renda acima de 3 salários mínimos estão a 300 metros de uma rota para ciclistas. Os dados foram publicados neste domingo (20) pela Agência de Notícias das Favelas.
Em Rio Branco, a situação é piorada, pois a malha cicloviária era até pouco tempo muito elogiada por suas qualidades e extensão. Na capital do Acre, apenas 5% dos pobres moram próximos de uma ciclovia ou via com faixa para bicicleta.
Segundo a pesquisa People Near Bike, algumas cidades possuem índices mais altos de pessoas que moram próximas a ciclofaixas, como Fortaleza (36%), enquanto algumas não chegam a 1%, como é o caso de Porto Velho e Macapá. São Paulo aparece com 19% e Manaus 1%, municípios esses que também apresentam maior quantidade de aglomerados subnormais (favelas) e maior percentual de domicílios em aglomerados, respectivamente, segundo dados preliminares do censo 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
De acordo com Rafael Henrique de Moraes Pereira, doutor em geografia de transporte e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), além dos benefícios para saúde pública e sustentabilidade da cidade, uma grande vantagem da implementação de infraestrutura para ciclista em regiões de baixa renda seria tornar essa modalidade mais inclusiva, já que possivelmente existe uma demanda reprimida de pessoas que não se locomovem de bicicleta por medo de se acidentar e de pessoas que deixam de sair de casa por não terem dinheiro para pagar o transporte público.