Após receber denúncia de profissionais da Fundação Hospital Estadual do Acre (FUNDHACRE) relatando precariedade e insuficiência das condições de trabalho, a presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), Leuda Dávalos, realizou uma fiscalização na unidade nesta quarta-feira (26).
Entre as reclamações está a ausência de ambiente climatizado que ofereça conforto ao paciente e garanta melhor desempenho profissional. Além disso, os profissionais relataram que os aparelhos que auxiliam o diagnóstico médico estão inutilizáveis
e os equipamentos de proteção individuais (EPIs) ofertados são de baixa qualidade, impedindo a proteção adequada.
Assim que teve conhecimento da denúncia, na semana passada, o CRM notificou a direção da unidade, pedindo manifestação acerca da notícia, além de providências a fim de garantir condições de trabalho apropriadas. O órgão também chegou a notificar o Ministério Público do Trabalho (MPT) para ciência da situação e também para que tome as providências que julgar necessárias.
Durante a vistoria, a presidente do CRM constatou que das cerca de 40 salas de atendimento de especialidades da unidade, somente quatro estão com ar-condicionado. Ou seja, a maioria das salas não possui ambiente climatizado e também não tem sistema de ventilação. A fiscalização foi acompanhada do diretor técnico que informou que estão providenciando a compra dos aparelhos, porém existe a questão da dificuldade de realizar licitações e não há previsão para resolução do problema.
“Na verdade, vimos que a unidade possui EPIs para os profissionais, porém os médicos nos informaram que estão deixando de usar os equipamentos por conta do calor excessivo nas salas. São ambientes bem fechados e pequenos, sendo que a maioria sequer tem ventilação, o que prejudica bastante o atendimento. Acaba sendo um ambiente insalubre tanto para o médico como para os pacientes. O diretor técnico disse que o objetivo é resolver essa situação e a gente espera que o problema seja solucionado o quanto antes. Sabemos que essa unidade não é referência para atendimento de pacientes com Covid-19, porém hoje já não é possível dizer quem está ou não infectado e, por isso, o correto é que todos os médicos estejam usando os EPIs, mas o calor acaba fazendo com que eles não consigam usar”, afirmou a presidente.
Por conta da pandemia, a unidade está atendendo cerca de 50% da capacidade e com 30% dos funcionários. A preocupação da presidente do CRM é que, com o retorno de diversas atividades no Estado e a possível retomada de 100% dos atendimentos da Fundação, o fluxo de pessoas vai aumentar e a falta de climatização vai deixar o ambiente ainda mais insalubre.