fbpx

Em uma Terra Indígena de 24 mil hectares, em Mâncio Lima, distante 670 km da capital Rio Branco, o povo Puyanawa faz ecoar para o mundo a sua música, dança, pinturas e culinárias, por meio do 6º Festival Atsa Puyanawa.

A celebração, que teve início na quinta-feira , 18, e segue até segunda-feira, 22, surgiu com a proposta de fortalecer a cultura indígena da etnia, que tem como referência a atsa, como chamam a mandioca, a maior fonte de renda da comunidade.

Juntas, as aldeias Ipiranga e Barão, presentes na Terra Indígena Puyanawa, produzem uma média de 10 a 12 mil sacas de farinha de mandioca por ano (mais de meia tonelada), o suficiente para abastecer o mercado de Mâncio Lima.

Com a alta produção, realizada em 12 casas de farinha presentes na terra indígena, os Puyanawa conquistaram independência econômica e celebram esse momento durante o festival, que reverencia a atsa.
“Somos uma comunidade voltada a produzir o que vem da terra. Dos 774 habitantes da nossa terra, mais de 80% trabalham fazendo farinha de mandioca”, disse o agente agroflorestal José Marcondes Puyanawa.

Da atsa, a comunidade produz outros alimentos, muito presentes na culinária Puyanawa. Bolos, goma de tapioca, beju, e sorvete são alguns dos alimentos típicos que estão sendo apreciados pelos visitantes de vários lugares do Brasil e do mundo, durante o festival.

“Os festivais indígenas realizados em nosso estado têm como objetivo difundir a linguagem, a cultura e a culinária do nosso povo, mas também têm o papel de fortalecer a economia, com as vendas de pratos típicos, artesanatos e outros produtos indígenas que ficam expostos aos turistas”, disse a secretária de Estado de Povos Indígenas, Francisca Arara.

Kawa, o prato mais procurado do festival
Kawa, o peixe assado na folha da bananeira, que acompanha arroz, mandioca, farofa e salada é o prato mais procurado pelos visitantes do Festival Atsa Puyanawa. Preparado na hora, a um custo acessível, que varia de R$ 20 a R$ 30, o kawa é servido no almoço e na janta, na maioria das barracas que funcionam diariamente, durante os cinco dias de festival.

Além dele, o bolo de mandioca, o pé-de-moleque e as tapiocas recheadas atraem os turistas às barracas que oferecem sombra e um agradável ambiente para conversar ou descansar.

“Estou aqui desde o primeiro festival e a cada ano tento me aperfeiçoar, trazer alguma coisa diferente e com sabor especial aos nossos visitantes’, disse Nilza Puyanawa, responsável por uma das barracas com vendas de alimentos.

Experiência cultural e gastronômica
A servidora pública Ana Carolina Gomes veio de Brasília, no Distrito Federal, para participar do festival. Ela conta que esta é a sua primeira vez na região norte e que ficou encantada com o povo, a energia da aldeia, a alegria das crianças e a culinária farta.

“A minha experiência tem sido muito rica, pois aqui estou em contato com os povos tradicionais, conhecendo mais a história deles e experimentando essa culinária, que é bem diferente da que estou acostumada e estou gostando bastante”, disse a turista.

Ana Carolina teve pouco mais de dois meses para a planejar a viagem, que aconteceu por um acaso. “Eu estava em uma farmácia, vi que a atendente estava usando acessórios indígenas e logo perguntei de onde eram. Ela me passou o telefone do sobrinho, um Puyanawa que confecciona o artesanato que ela usava, e em contato com ele para comprar um brinco, acabei sabendo do festival e vim parar aqui, junta com minha amiga”, explica.
A amiga Jennifer da Cruz disse que foi pega de surpresa com o convite, mas logo aceitou e hoje considera que fez uma excelente escolha. “É maravilhoso estar aqui participando de todas essas atividades do festival com o Povo Puyanawa”, destacou.

Neste artigo