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Após concluir fase no Acre, megaprojeto científico de perfuração na Amazônia inicia no Pará

Adriana Farias/Terra —-

Por meio da abertura de um poço no subsolo do município de Rodrigues Alves, no norte do Acre, as operações de sondagem resultaram na coleta de 870 metros de testemunhos contínuos a 923 metros de profundidade. O pesquisador André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da USP, diz que foi recuperado um material que não tem precedentes para estudar a história da Amazônia.

Os testemunhos coletados são amostras cilíndricas de rochas sedimentares da era geológica do Cenozóico, o que representa os últimos 23 milhões de anos. Esse é o período mais importante, segundo o pesquisador, pois foi quando se originou a Amazônia mega biodiversa como ela é hoje. Confira no infográfico abaixo como é feita a perfuração.

A segunda fase do projeto ocorre no município de Bagre, na Ilha do Marajó, no Pará. A perfuração iniciou no domingo (19), às 15h30, e deve durar em torno de três meses. Espera-se atingir até 1.250 metros de profundidade no subsolo, por meio da abertura de um poço e da coleta contínua de testemunhos.

O equipamento de sondagem saiu de Rodrigues Alves, no Acre, e chegou na região paraense no dia 31 de março. Foram 29 dias e cerca de 3800 quilômetros de trajeto de balsa via rios Juruá, Solimões e Amazonas.

A diferença do Pará para o Acre é que a bacia sedimentar onde está acontecendo a perfuração na Ilha do Marajó está próxima à foz do rio Amazonas e recebe sedimentos de rios que drenam tanto a Amazônia quanto o Cerrado. Dessa forma, os pesquisados acreditam que será possível reconstituir também a história do Cerrado e do clima da região centro-oeste do Brasil.
As amostras serão analisadas no repositório do ICDP (Programa Internacional de Perfuração Científica Continental), na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e em diversas universidades do Brasil, França, Panamá, Holanda, Dinamarca entre outros. O investimento da sondagem é de cerca de US$ 3.9 milhões, desse total US$ 1.1 milhão é financiado pelo ICDP, US$ 1.1 milhão da National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, US$ 700 mil do Smithsonian Tropical Research Institute (STRI), com sede no Panamá, e US$ 1 milhão da FAPESP (Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo), que também contribuiu com mais um investimento de R$ 1 milhão em bolsas de pesquisa e outros recursos e despesas do projeto.

Fonte: Redação Planeta

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