Um estudo recente publicado na revista Nature analisou que os vapes podem ter em sua composição até 127 produtos químicos considerados altamente tóxicos quando aquecidos e inalados.
A pesquisa ainda revelou que os vapes produzem 153 produtos químicos “perigosos à saúde” e 225 “irritantes ao organismo”. Quase todos os sabores submetidos ao estudo, com ou sem nicotina, tinham pelo menos um produto classificado como perigoso para a saúde.
Em entrevista ao Terra Você, a médica pneumologista da Saúde no Lar, Michelle Andreata, destaca que apesar de serem colocados como alternativas mais seguras do que o cigarro tradicional, os cigarros eletrônicos apresentam riscos significativos para a saúde.
“A exposição a esses componentes pode gerar problemas respiratórios, doenças cardiovasculares e aumentar o risco de câncer. A melhor opção para a saúde pulmonar é a cessação completa do uso de qualquer forma de tabaco ou nicotina”, ressalta a especialista.
A curto prazo, o uso de vapes e cigarros eletrônicos pode causar irritação nas vias aéreas, tosse, dificuldade respiratória e exacerbação de condições pré-existentes, como asma. Além disso, existem também casos já relatados de pacientes com lesão pulmonar aguda grave associada ao uso desses produtos.
“A longo prazo, os efeitos ainda são menos compreendidos, mas há preocupações significativas. A exposição contínua a substâncias tóxicas pode levar ao desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas, como bronquite crônica e enfisema”, explica a médica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ritmo de crescimento do uso de vapes entre jovens é alarmante. Em todas as regiões que compõem a Organização, o consumo do dispositivo é maior na faixa etária de 13 a 15 anos.
Quanto ao impacto do uso desses produtos em adolescentes, a especialista revela uma preocupação em termos de desenvolvimento pulmonar.
Andreata explica que durante a adolescência, os pulmões ainda estão em desenvolvimento, e a exposição a substâncias tóxicas pode interferir nesse processo, levando a danos pulmonares permanentes e redução da função pulmonar. Além disso, a nicotina pode afetar o desenvolvimento cerebral, prejudicando funções cognitivas e comportamentais.
Como parar?
A especialista conta que parar com o uso de vapes e cigarros eletrônicos requer uma abordagem semelhante à de pessoas que desejam se ver livres do tabagismo tradicional.
Entre as maneiras mais eficiente para parar de fumar, a pneumologista indica uma combinação de tratamentos farmacológicos, que inclui:
- Terapias de reposição de nicotina (como adesivos, gomas de mascar e pastilhas), que ajudam a reduzir os sintomas de abstinência e o desejo de fumar;
- Medicamentos não-nicotínicos recomendados para ajudar a diminuir os desejos e melhorar as taxas de cessação;
- Suporte comportamental, com aconselhamento individual e em grupo.
“Isso aumenta significativamente as chances de sucesso. Esses programas ajudam a identificar gatilhos, desenvolver estratégias para lidar com o desejo de fumar e oferecer suporte emocional durante o processo de cessação. Essa estratégia integrada é a mais recomendada porque aborda tanto os aspectos físicos da dependência quanto os psicológicos, aumentando as chances de um resultado bem-sucedido a longo prazo”, conclui a profissional.