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Faustão: há riscos em fazer dois transplantes em menos de um ano?

O apresentador Faustão, 73, passou por um transplante de rim na segunda-feira (26), no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Há cerca de seis meses, ele precisou transplantar o coração. Há riscos em fazer duas cirurgias em menos de um ano?

Transplante de rim era fundamental

No caso do Faustão, o transplante de rim era fundamental, apesar de toda cirurgia ter os seus riscos. Com a falência do órgão, o transplante era algo necessário e, neste caso, segundo especialistas, o risco estava em não fazer a cirurgia.

Um outro caminho poderia ser a hemodiálise que, segundo especialistas consultados por VivaBem, apresenta índices maiores de mortalidade do que o pós-transplante.

Se um paciente com transplante de coração ficasse fazendo hemodiálise, a tendência seria desenvolver outros problemas de saúde. O transplante faz bem para os dois órgãos.
Milena Vasconcelos, nefrologista

Com o rim funcionando depois do transplante, o coração funciona melhor, sem sobrecargas, segundo Milena Vasconcelos, nefrologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Riscos estão ligados à cirurgia

Como toda cirurgia, há riscos infecciosos. A cada procedimento, pela queda da barreira cutânea e pela exposição cirúrgica do paciente, há risco de infecções.

Também há questões imunológicas. Em um segundo transplante (pela resposta inflamatória do paciente quando está em vigência de um primeiro transplante), há maior suscetibilidade a rejeições, explica o urologista Alexandre Sallum Bull, chefe do transplante renal do hospital Santa Catarina (SP).

A realização de dois transplantes em menos de um ano não agrega mais riscos ao paciente, além dos que ele já está exposto. “Os riscos são inerentes ao ato cirúrgico, ao ato anestésico e às condições clínicas deste paciente”, explica Luciana Pereira, médica nefrologista e coordenadora clinica do Transplante Renal da Santa Casa de São José dos Campos (SP).

Esse novo transplante pode afetar o coração? “Não há relação direta entre transplante renal e piora cardiológica. Nesta fase de pós-operatório do transplante renal, são necessários ajustes nas medicações imunossupressoras, vigilância quanto a sinais de rejeição e avaliação diária quanto a necessidade de terapia renal substitutiva, hemodiálise, até que o rim consiga exercer suas funções sozinha”, diz Pereira.

Transplante no coração pode sobrecarregar rins

O próprio transplante de coração sobrecarrega o rim, além do histórico do apresentador, com problemas renais, de acordo com o nefrologista Elias David-Neto, especialista em transplante renal no Hospital Sírio-Libanês.

Isso porque, durante a cirurgia, a circulação sanguínea é “pausada” e o órgão é afetado; depois, o rim é novamente impactado pelos medicamentos imunossupressores, fundamentais depois de um transplante.

Receber um rim novo é como receber um presente. Os dois órgãos [coração e rim] trabalham em conjunto, mas também podem se ‘agredir’ mutuamente quando um deles não está bem.
Elias David-Neto, neurologista

Aliás, a situação de Faustão era considerada como prioridade na lista, explica o nefrologista, também chefe do Transplante Renal do Hospital das Clínicas (SP). “A regra para a do rim é que o paciente que tenha passado por outro transplante —no caso dele, o coração — receba a prioridade”, diz o especialista.

Fonte: UOL

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