Estimado em R$16,4 bilhões, o PIB do Acre está menor que o do Amapá (R$18,4 bi), segundo pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira (16). Em 2010, o PIB do Amapá era menor que o do Acre (R$8,2 bi contra R$8,3 bi). Esses dois são os menores PIBs do País junto com Roraima.
Os cinco municípios com as maiores quedas de participação no PIB do Brasil, entre 2019 e 2020, foram São Paulo (9,8%), com perda de 0,5 ponto percentual; Rio de Janeiro (4,4%), 0,4 ponto percentual; Brasília (3,5%), 0,2 ponto percentual; Curitiba (1,2%), 0,1 ponto percentual; e São José dos Pinhais (0,3%), com queda de 0,1 ponto percentual. Esses cinco municípios corresponderam a quase 20% do total do PIB do país, no ano.
“São Paulo e Rio de Janeiro já haviam sido as Unidades da Federação que mais perderam participação nas contas regionais de 2020, portanto, acompanhando aquele resultado, temos também entre os municípios, as capitais desses estados como as que mais perderam participação. Destacamos a perda de participação da atividade de serviços como fator determinante para esses resultados, em especial a atividade de comércio em um cenário de pandemia em 2020”, destaca Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE.
Por outro lado, os cinco municípios com maiores ganhos foram Parauapebas (0,5%) e Canaã dos Carajás (0,3%), ambos no Pará, que aumentaram 0,2 ponto percentual, além de Manaus (1,2%), do Amazonas; Saquarema (0,2%), do Rio de Janeiro; e Itajaí (0,4%), de Santa Catarina, todos os três com aumento em cerca de 0,1 ponto percentual.
“Também podemos relacionar o resultado com as contas regionais, em que Pará foi a Unidade da Federação que mais ganhou participação, quando percebemos que Parauapebas e Canaã dos Carajás foram os municípios em primeiro e segundo lugar, puxados pelo avanço da atividade de extração de minério de ferro. Já Manaus, que também seguiu a tendência de queda na atividade de serviços observada em outras capitais, teve seu resultado amenizado pelas indústrias de transformação, com destaque para a fabricação de equipamentos de informática, concentrado no município”, esclarece de Sá.
O analista destaca ainda alguns dos principais impactos do primeiro ano da pandemia nos resultados dos municípios. “Os resultados de 2020 evidenciam que os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre as economias municipais variaram de acordo com a importância das suas atividades de serviços, sobretudo as presenciais. Isto porque estes serviços agregam as atividades com as maiores quedas de participação no país, entre 2019 e 2020, sendo as mais afetadas pelas medidas de isolamento social e queda da demanda durante o ano”, completa.
Diminui a concentração da economia nacional frente a 2002
Em 2020, nove municípios responderam por quase 25% do PIB nacional e 15,3% da população brasileira: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Osasco, Porto Alegre e Guarulhos. Já as 82 municipalidades com maiores PIBs representavam, aproximadamente, 50% do PIB total e 35,8% da população do país. Em 2002, apenas quatro municípios, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, somavam cerca de 1/4 da economia nacional.
“Entre os 25 maiores municípios em valor de PIB, observamos uma redução de participação frente a 2002. Mesmo assim, vale destacar que o município de São Paulo, sozinho, representa quase 10% do PIB nacional, seguido pelo Rio de Janeiro que representa 4,4%. Percebemos ainda que entre os 14 municípios não capitais da lista, 12 fazem parte da região Sudeste, sendo 9 deles paulistas, 2 fluminenses e 1 mineiro”, avalia Luiz Antonio.
PIB per capita da região Centro-Sul supera a média brasileira
Os maiores valores do PIB per capita, em 2020, são dos grandes centros urbanos do Centro-Sul, e, ainda, de algumas regiões com forte atividade agropecuária e pequena população, como a borda Sul da Amazônia Legal, na região central de Mato Grosso e, ainda, municípios do sul de Goiás, leste de Mato Grosso do Sul, oeste baiano e no alto curso do Rio Parnaíba. O cálculo do PIB per capita dos municípios utiliza a população residente estimada por município, com data de referência em 1º de julho de 2020, enviada pelo IBGE ao Tribunal de Contas da União (TCU).
“Na lista dos maiores PIB per capita, percebemos municípios que não necessariamente têm as maiores participações no PIB do país, mas possuem uma combinação entre baixa participação populacional e indústrias concentradoras de capital, como extração de minério de ferro, hidrelétricas e indústrias de transformação”, analisa de Sá.
Nas grandes concentrações urbanas, em 2020, a maior razão do PIB per capita (que é o PIB per capita do local dividido pelo PIB per capita do Brasil, de R$ 35.935,74) é a da concentração urbana de Campinas/SP, seguida por Brasília/DF, São Paulo/SP, São José dos Campos/SP e Sorocaba/SP. Essa é uma ordem similar à verificada em 2002. Ao longo da série histórica, as maiores razões do PIB per capita apresentaram redução relativa, convergindo para a média nacional.
Em 2020, a redução da desigualdade regional do PIB per capita pode ser percebida também nas regiões do Semiárido, da Amazônia Legal e da Cidade-Região de São Paulo. Em 2002, a razão do PIB per capita do Semiárido e da Amazônia Legal eram 0,32 e 0,58, respectivamente. Em 2019, o Semiárido apresentava razão de 0,40 e a Amazônia Legal, de 0,66. Em 2020, por sua vez, essa região apresentou índices de 0,41 e 0,75. A Cidade-Região de São Paulo, por outro lado, correspondia a 1,85 do valor nacional em 2002, 1,66 em 2019 e, em 2020, cai para 1,61.
Cidade-Região de São Paulo concentra 23,4% do PIB nacional
Na comparação regional entre a Cidade-Região de São Paulo, Amazônia Legal e Semiárido, é possível destacar as diferenças entre PIB e superfícies que compõem cada região. A Cidade-Região de São Paulo registrou PIB de R$ 1.786,50 bilhões, o que corresponde a 23,5% da economia nacional, em uma área de 23.785 km². Já a Amazônia Legal obteve PIB de R$ 752,93 bilhões, correspondente a 9,9% do resultado nacional, com área de 5.030.137 km². Finalmente, o Semiárido registrou PIB de R$ 414,02 bilhões, equivalente a 5,4% do país e superfície de 1.128.272 km².
“Essas três áreas, Cidade-Região de São Paulo, Amazônia Legal e Semiárido, possuem número de população similar, 31, 28 e 28 milhões, respectivamente. Quando analisamos a Amazônia Legal, é preciso considerar que existem as áreas de reservas indígenas e áreas de preservação ambiental, o que significa que a superfície não é inteiramente ocupada”, destaca Marcelo Delizio Araujo, geógrafo do IBGE.
Administração Pública predomina na Amazônia Legal e Semiárido
Já em uma análise das principais atividades econômicas, na Amazônia Legal, composta por 772 municípios, a atividade predominante em 506 deles foi a administração pública, em 132 as lavouras, em 51 os demais serviços (serviços, excluindo-se o comércio e a administração pública), e em 28 a pecuária. No semiárido, composto por 1262 municípios, a principal atividade em 1097 foi a administração pública, enquanto na Cidade-Região de São Paulo, composta por 92 municipalidades, a atividade de demais serviços foi a predominante em 81 delas.
“É interessante destacar que os demais serviços (serviços, excluindo-se o comércio e a administração pública) continuam sendo a principal atividade econômica na maioria dos municípios da Cidade-Região de São Paulo, levando em conta, ainda, a redução de participação desta atividade no período de pandemia, enquanto a administração pública é a principal atividade econômica na maioria dos municípios do Semiárido e da Amazônia Legal, mesmo com um perfil mais diversificado”, analisa Araujo.