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Médicos do Acre defendem vacina a adolescentes: “cessa a cadeia de transmissão”

Na última quarta-feira (15), o Ministério da Saúde, em nota, recomendou a suspensão da imunização de adolescentes de 12 a 17 anos. Alguns gestores já tomaram decisão contrária no Acre. Em Rio Branco, a vacina a esse público  deve seguir.

No entanto, o ruído das declarações do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mantém a polêmica no ar. Consultado, o Sindicato dos Médicos do Acre manifestou-se, assim como outras instituições da área, pela manutenção da vacina  aos adolescentes.  “A campanha pela vacinação de adolescentes deve continuar! A vacina contra Covid-19 fabricada pela Pfizer-BioNTech, conhecida como Cominarty, foi aprovada pelo órgão regulatório estadunidense (FDA) em 23 de agosto deste ano para aplicação em adolescentes a partir dos 12 anos de idade e de acordo com o Ministério da Saúde foram registrados eventos adversos em apenas 0,043% dos casos, incluindo os eventos graves, como miocardite, responsável por 16 casos por milhão de vacinados, índice inferior ao risco da própria Covid”, disse o presidente do Sindimed, Guilherme Pulici.

E completou: “A vacinação de adolescentes deve não somente protegê-los como também ajudar a cessar a cadeia de transmissão do vírus, algo que tanto sonhamos e temos, enfim, visto os resultados positivos”.

Não apenas no Acre mas em nível nacional os médicos temem pela iniciativa do Ministério da Saúde. A Associação Médica Brasileira, por exemplo, emitiu nota técnica sobre o assunto recomendando manter a vacinação aos adolescentes do País.

Veja:

 

Nota Técnica sobre a Vacinação Covid em Adolescentes no Brasil

 

O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid_AMB (CEM Covid AMB), em consonância com as sociedades médicas que o compõe, comunica preocupação sobre a Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, documento que indica interrupção da vacinação Covid em adolescentes sem comorbidades. A imunização nesse grupo já havia sido iniciada há algumas semanas em diversos municípios e estados do Brasil, sendo que mais de três milhões de cidadãos adolescentes na faixa etária entre 12 a 17 anos já receberam a primeira dose do imunizante Pfizer, único com registro na Anvisa e aprovado em bula para essa população.

O CEM Covid AMB, com o objetivo de contribuir para a discussão técnico-científica sobre a vacinação de adolescentes entre 12 a 17 anos no Brasil, esclarece que:

  1. Eficácia e Segurança: órgãos regulatórios nacionais e internacionais como a ANVISA e o FDA aprovaram a vacina Covid da Pfizer em adolescentes, decisão baseada em rigorosos ensaios clínicos randomizados que incluíram milhares de voluntários, que demonstraram eficácia em termos de imunogenecidade em indivíduos que receberam duas doses desse imunizante. No tocante à segurança dessa vacina, a incidência e gravidade dos potenciais eventos adversos evidenciados nesses estudos foram não significativos quando comparados aos benefícios da proteção conferida pelo imunizante.

Não se justificam, portanto, os argumentos genéricos presentes na Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021 que questionam e eficácia dos ensaios clínicos randomizados no tocante aos evidentes benefícios da vacinação nessa faixa etária.

Da mesma forma, não se justifica questionar a segurança desse imunizante baseado em supostos casos de eventos adversos pós-vacinais pontuais, ainda mais em situações que estão em investigação em andamento, sem que esteja estabelecida a relação de nexo causal.

No que se refere especificamente ao evento adverso miocardite, sua incidência é extremante rara (16 casos/milhão de pessoas que recebem duas doses da vacina), geralmente leve, e inferior ao risco da própria Covid-19.

  1. Organização Mundial de Saúde (OMS): ao contrário da Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, a OMS recomenda a vacinação de adolescentes entre 12 a 17 anos sem comorbidades, desde que obedecida a priorização da imunização de outros grupos mais vulneráveis.
  2. Evolução Clínica da Covid em Crianças e Adolescentes: apesar de relativamente à outras faixas etárias a Covid-19 ser de menor gravidade em crianças e adolescentes, o Brasil já acumula mais de 2.000 óbitos desde o início da Pandemia em menores de 18 anos, número muito superior ao total de mortes nessa população quando se observa outras doenças imunopreveníveis.
  3. Cenário Epidemiológico no Brasil: ao contrário do que a Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, a melhora do cenário epidemiológico no Brasil não justifica interrupção da vacinação em adolescentes, e sim justamente o inverso, o avanço no controle da Pandemia no país se deu única e exclusivamente por finalmente, depois de um lamentável atraso, estarmos realizando uma vacinação ampla e rápida da população, incluindo milhões de adolescentes.

Portanto, levando em consideração os pontos acima, o CEM Covid AMB recomenda manter a vacinação Covid em adolescentes no Brasil, e lamenta o conteúdo da Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, que colabora para a desinformação e insegurança em relação à vacinação no país.

 

CEM COVID_AMB, 17 de setembro de 2021

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