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Cimi: Covid-19 nas aldeias do Acre veio acompanhada de invasões   

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) está denunciando que além da pandemia da Covid-19, muitas terras indígenas do Acre sofrem com a presença de invasores.  

O  Cimi Regional Amazônia Ocidental, que diz estar  acompanhando de perto pelos menos 53 terras indígenas no Acre, e registra a confirmação do novo coronavírus em pelo menos 30 delas. Ivanilda Torres dos Santos, coordenadora do Regional, relatou ao jornalista Adi Spezia, do Cimi,  que “são mais de 800 casos confirmados do novo coronavírus e 24 óbitos” nos territórios. Já entre os povos indígenas em contexto urbano, são aproximadamente 500 casos confirmados e 12 óbitos, no que diz respeito aos municípios do Acre e sul do Amazonas. Iva, como Ivanilda é chamada, conta que dos vinte povos indígenas que o Regional acompanha, 16 foram diretamente afetados pelo vírus. 

Com a interiorização da pandemia, os primeiros casos da covid-19 no Acre foram registrados em 17 de março na capital, Rio Branco. Já os primeiros casos entre os indígenas foram registrados em abril entre os Huni Kuῖ, um indígena que mora em Rio Branco e trabalha na Casa de Saúde Indígena (Casai). No final de maio, foram registrados os primeiros casos nas comunidades, iniciando pela Terra Indígena (TI) Alto Rio Purus, território que faz fronteira com o Peru e onde vivem os povos Huni KuῖJaminawa e Madijá. A partir de junho, a contaminação se intensificou e se alastrou nos municípios e territórios no interior do estado. 

Apesar da Terra Indígena  Arara do Rio Amônia, do povo Apolima-Arara, ter sido demarcada ainda em 2011, seu Chiquinho Apolima-Arara denuncia a presença de posseiros. “Mesmo com sua indenização depositada em juízo, os posseiros continuam nas terras indígenas desmatando, tirando madeira, construindo casa”, afirma. Sem nenhuma fiscalização e providências por parte do Estado, em plena pandemia os posseiros entram e saem acompanhados de pessoas estranhas, inclusive por este caminho de ida e volta do Peru. 

A liderança Apolima-Arara cobra atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai). “Queremos que retire das nossas terras os posseiros. A terra está demarcada e os posseiros estão impedindo os indígenas de fazerem seu roçado dentro da sua própria terra indígena em 30 delas há”. O povo teme por um confronto com os invasores. 

Esta também é a realidade do povo Shanenawa, na TI Katukina/Kaxinawa, que além do vírus precisa lidar com a invasão de seu território. “Só na TI Katukina/Kaxinawa há 26 posseiros e o Cimi está de frente, junto com a gente, na luta contra os invasores do nosso território”, conta Edna Shanenawa.  

 

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