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‘Caneta mágica’: vídeo de controle remoto para semáforo confunde motoristas

Um vídeo com mais de 20 milhões de visualizações viralizou nas redes sociais e tem gerado dúvidas entre os motoristas. As imagens mostram um motorista que, com um simples dispositivo, parecia ter o poder de controlar o funcionamento semáforos. O objeto em questão é uma caneta capaz de detectar tensão elétrica. Mas seria possível um item tão comum ter tal capacidade?

“Tem muitas variáveis nessa situação. Depende muito da tecnologia utilizada no semáforo. Aqui no Brasil, por exemplo, utilizamos dispositivos sem conectividade externa wi-fi. Com isso, esse semáforo não pega sinal enviado por esse dispositivo que aparece no vídeo”, explica Leila Bergamasco, professora de ciência da computação na FEI.

“Caso o semáforo possua essa conectividade, ainda seria preciso fazer com que esse dispositivo se conectasse de alguma forma a ele, sendo muito difícil que durante esse curto período houvesse essa autenticação e reconhecimento da mudança de sinal”, completa.

Já Pedro Ivan dos Santos Ferreira, especialista da Solução Equipamentos para Redes Elétricas, esclarece que “semáforos são regidos por programações específicas, não pela rede elétrica. Portanto, a ideia de que uma caneta medidora de tensão possa alterar o funcionamento de um semáforo é infundada. A programação lógica do semáforo é que determina a mudança de cores, isolada de influências externas como a tensão da energia”.

Opinião semelhante tem Marco Santos, da STEE Tecnologia Eletroeletronica: “o vídeo não faz sentido, uma vez que detectores de tensão atuam recebendo sinais de campo elétrico de condutores energizados, atuando por aproximação ou contato. Realmente no vídeo é utilizada uma caneta detectora de campo elétrico, ou seja, funcionaria por aproximação, mas não emitindo qualquer sinal que possa alterar o semáforo”.

Experiências

Atualmente, os semáforos operam de forma independente dos veículos, mas experimentos em algumas localidades já testam a integração entre ambos. Em Ann Arbor, nos Estados Unidos, por exemplo, um projeto piloto está em andamento. Nele, uma rodovia inteligente está sendo construída para monitorar e gerenciar o fluxo de tráfego, melhorar a segurança e facilitar a comunicação entre veículos e infraestrutura.

Esta integração, embora promissora, levanta preocupações sobre a segurança cibernética e o potencial para ações de hackers, tornando a cena do vídeo viral uma possibilidade preocupante no futuro.

No Brasil, a modernização inteligente dos semáforos já é uma realidade em algumas cidades. São Paulo, por exemplo, está implementando semáforos inteligentes que ajustam o tempo de sinal verde, baseados no fluxo de veículos, prometendo uma gestão de tráfego mais eficiente. Campinas, Macapá e Recife são outras cidades que adotaram tecnologias semelhantes, buscando otimizar o trânsito e melhorar a experiência de condução.

A intervenção humana direta na operação dos semáforos, no entanto, é reservada para situações especiais. Durante eventos de grande escala, como o carnaval ou passeatas, técnicos do Centro de Controle Operacional da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) trabalham em conjunto com aplicativos como o Waze para editar os bloqueios no aplicativo e gerenciar o fluxo de trânsito em tempo real, garantindo a fluidez e a segurança nas vias.

Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP), o que se sabe sobre um motorista adulterar por controle remoto a programação dos semáforos é que não tem como e nenhum caso foi registrado sobre tentativa de burlar os equipamentos. Por enquanto, não existe frequência de semáforo, ele não emite sinais eletromagnéticos.

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