A Ufac, por meio do Centro de Arqueologia e Antropologia Indígena (Caainam), e a Universidade de Valência (Espanha) realizam pesquisa e escavação em sítio arqueológico na floresta, descoberto na reserva extrativista (Resex) Chico Mendes, na colocação Santa Rosa, seringal Porvir, em Xapuri.
O local tem tamanho retangular, medindo 74 por 68 metros quadrados, com bordas arredondadas, e integra o conjunto de quatro sítios, três na floresta e um em campo aberto.
A pesquisadora e doutora em Arqueologia e Pré-História, Ivandra Rampanelli, da Universidade de Valência e ex-professora substituta da Ufac, informou que o sítio encontrado é o primeiro a ser escavado dentro da floresta e que, andando dentro da vala do geoglifo, percorrem-se cerca de 250 metros. “A maior característica deste sítio é que, dentro da floresta, mantém sua conservação bem melhor do que um sítio em campo aberto”, disse. “Com a escavação é possível identificar as características do solo no período em que foi construído, qual era a profundidade ou quantidade de terra tirada.”
O sítio foi encontrado pelo proprietário da colocação Santa Rosa, Pedro Canísio dos Santos, o Pedrinho, que, conhecendo sobre o assunto através de reportagens, contatou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), relatando as formas que observava em sua propriedade. “No início, achávamos curioso aquilo, mas não sabíamos o que era”, contou. “Pensamos até em construir uma casa lá, até que soubemos dos sítios e procuramos mais informações.”
Técnicos do ICMBio entraram em contato com Ivandra Rampanelli. Atualmente ela lidera uma equipe de escavação que começou a realizar atividades no local em 8 de agosto, tendo sua primeira etapa de trabalho encerrada nessa terça-feira, 23. Até agora, foram encontrados fragmentos de cerâmica, sementes e carvão já a partir dos primeiros dez centímetros escavados; o material recolhido é encaminhado para análise, pela qual será possível datar e observar suas principais características.
Para o professor e pesquisador do Departamento de Pré-História, Arqueologia e História Antiga da Universidade de Valência, Agustin Diez Castillo, algumas características são bem peculiares aos sítios já descobertos: datam de aproximadamente 2.000 anos atrás, ficam a menos de mil metros de fontes de água. “Esse conjunto de sítios é bem curioso porque cada um tem uma forma, podendo representar ocupações distintas em tempos distintos ou formas de manter sua identidade”, afirmou.