Classificar as cobras ou serpentes mais venenosas do Brasil é um assunto complexo e demanda uma série de conhecimentos específicos. Para esta avaliação, é preciso analisar a quantidade de acidentes ofídicos e as consequências do envenenamento. Neste domingo (19), quando foi celebrado o Dia Internacional de Atenção aos Acidentes Ofídicos, o Ministério da Saúde trabalha com ações de conscientização sobre os impactos relacionado às picadas de cobras.
A data foi criada por uma coalizão de organizações que trabalham em prol da saúde global e da medicina tropical. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 81 mil e 138 mil pessoas em todo o mundo morrem anualmente em consequência de picadas de cobras venenosas e outras 400 mil ficam permanentemente incapacitadas ou desfiguradas. Em 2020 no Brasil, foram registrados nos sistemas oficiais do Ministério da Saúde 31.395 acidentes com serpentes, dos quais 121 levaram as vítimas ao óbito.
O nome dado aos acidentes envolvendo serpentes chama-se ofidismo, daí vem o termo “acidentes ofídicos” e geralmente, ocorrem quando a pessoa não vê a serpente e involuntariamente pisa ou toca nela. As cobras não fazem emboscadas para os seres humanos nem correm atrás deles para picá-los, estas são apenas crenças antigas e sem fundamento científico.
Para o coordenador de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial da Secretaria de vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Marcelo Wada, no Brasil a fauna ofídica de interesse médico está representada pelas espécies jararaca, cascavel, surucucu pico-de-jaca e a coral verdadeira.
“No Brasil, as jararacas são responsáveis por 70% dos acidentes; as cascavéis, cerca de 9%; as surucucus 1,5%; e as corais verdadeiras com menos de 1% dos registros. Grande parte desses acidentes incidem em grupos de maior risco, como trabalhadores rurais e populações indígenas”, explicou Wada.
“No Rio Grande do Sul, por exemplo, o número de acidentes registrados com cobras cascavel aumentou significativamente em consequência do desmatamento. Esses acidentes são preocupantes porque na maioria das vezes acabam ocasionando sequelas físicas, lesões neurológicas e traumas psíquicos”, concluiu o coordenador.
O uso de equipamentos de proteção individual para trabalhadores do campo e florestas é fundamental para evitar esse tipo de acidente. Isso ajuda a prevenir casos de acidentes ofídicos e garante maior proteção a pessoa exposta.
Diagnóstico e tratamento
Em caso de acidente envolvendo picadas de cobras, é fundamental manter a calma e realizar os primeiros socorros. A pessoa que levou a picada deve permanecer em repouso, hidratar-se e manter o local do ferimento elevado. A vítima precisa ser levada ao hospital de referência para o tratamento de acidentes ofídicos mais próximo. É importante que a pessoa seja atendida no menor tempo possível, isso é determinante para o sucesso no atendimento.
Apesar do soro antiofídico ser específico para cada um dos quatro grupos de serpentes, não há necessidade e nem se recomenda tentar capturar o animal, bastando ter apenas uma foto da serpente. A partir dos sintomas apresentados, um médico treinado reconhecerá o tipo de acidente e administrará, se for necessário, o soro correto.
É importante lembrar que não se deve cortar, furar ou amarrar o local da picada com garrotes ou torniquetes. Essas medidas só agravam a situação, muitas vezes tornando um acidente leve em um difícil tratamento.