Levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa G1, Folha, Globo, UOL e Extra mostra que apenas oito estados divulgam dados raciais dos doentes e mortos pelo coronavírus.
Em 12 estados, o boletim não informa os testes inconclusivos, ou seja, sem resultado definitivo, o que impossibilita traçar panorama preciso da Covid-19.
No Acre, o consórcio apurou o seguinte: “Não há informações sobre raça das vítimas, mas há sobre a quantidade de testes ainda sem resultado. A Secretaria de Estado da Saúde diz que, inicialmente, a informação sobre raça não estava sendo coletada. Ela era acrescida ao e-SUS posteriormente. Porém, segundo a secretaria, os dados raciais são fornecidos apenas nos testes rápidos, não tendo esse registro pelo teste RT-PCR, no Mérieux. Por isso, a informação sai incompleta”.
Uma das principais ativistas da questão racial no Acre, Elza Lopes, não gosta da ausência de dados e vê que isso realmente só dificulta a produção e aplicação de políticas efetivas para promoção da igualdade racial. “Eu penso que a ausência desses dados para a população negra dificulta ainda mais o acesso às políticas essenciais de saúde. Ela invisibiliza ainda mais o racismo perverso que vitimiza muito mais essa parcela da população que já vive na maior vulnerabilidade social, portanto, tende a ser as maiores vítimas de doenças oportunistas por conta da baixa imunidade”, criticou Lopes.
A ativista lembra que no município de Rio Branco já existe a lei da vereadora Elzinha Mendonça, que obriga as instituições usar nos seus cadastros o quesito raça cor, o uso desses dados facilita mensurar a situação de vulnerabilidade e falta de acesso da população negra tanto na saúde e em todos os serviços ofertados pelo poder público.
“Se não temos os dados, fica difícil comprovar o racismo institucional que traz consequências negativas para essa parcela da população. Com certeza a população parda é sim a maior vítima do Covid 19 e, como ela integra a parcela da população negra de acordo com o IBGE”, disse.