A cadeia produtiva brasileira da carne bovina movimenta cerca de R$ 167,5 bilhões, por ano, e gera aproximadamente 7 milhões de empregos. O setor produz 9,5 milhões de toneladas, sendo 7,6 milhões destinadas ao mercado interno e 1,8 milhão exportadas para mais de 140 países, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Nos próximos cinco anos, o Brasil pode ser o maior produtor de carne bovina do mundo, superando os Estados Unidos, que atualmente ocupam o primeiro lugar no ranking.
Diante desses dados, o Brasil tem motivos de sobra para celebrar o Dia Nacional do Pecuarista, comemorado nesta sexta (15/07). A data foi instituída pela Lei n° 11.716/2008. O Sistema CNA/SENAR parabeniza a todos os pecuaristas pela contribuição e empenho dedicados à produção brasileira, que se destaca no cenário econômico mundial.
André Bartocci, pecuarista em Mato Grosso do Sul e terceiro diretor secretário da FAMASUL.
“É importante reforçar que vivemos em um país com dimensões continentais e de clima tropical. Há alguns anos optamos por implantar um modelo de pecuária, no qual se produz bovinos com sustentabilidade e produtividade de referência mundial, reforçando a vocação do Brasil em várias cadeias produtivas do agronegócio. Além disso, nossa principal base econômica é a pecuária que já demonstra resultados expressivos ao utilizar a tecnologia a pasto para criar boi”. André Bartocci, pecuarista em Mato Grosso do Sul e terceiro diretor secretário da FAMASUL.
Informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o rebanho bovino brasileiro possui mais de 212 milhões de cabeças. Os cincos maiores estados produtores são: Mato Grosso, com 28 milhões de cabeças; Minas Gerais, com 23 milhões; Goiás, com 21 milhões; Mato Grosso do Sul, com 21 milhões e Pará, com 19 milhões.
O rebanho nacional é formado por raças zebuínas, taurinas e asiáticas, tanto para produção de carne, quanto para produção de leite. Com aptidão para corte, nas zebuínas, considera-se predominantemente a raça nelore, seguida da guzerá, brahman, tabapuã, sindi e indubrasil. Entre as principais raças taurinas estão a aberdeen-angus, hereford & braford, brangus, simental, limousin, charolês e a raça wagyu, de origem asiática. E com habilidade para leite são criadas as raças zebuínas gir leiteiro e girolando e as raças taurinas holandesa e jersey.
João Oliveira Gouveia Neto, pecuarista no município de Cáceres, Região Oeste de Mato Grosso.
“Sou mineiro e estou em Mato Grosso há 18 anos. Tenho orgulho desta terra e principalmente de produzir na região Centro-Oeste responsável pelo maior rebanho de bovinos do país. A pecuária brasileira é um braço forte do setor do agronegócio. Produzimos emprego, contribuímos para a balança comercial e ajudamos a sustentar a economia do nosso país. Fazemos parte de uma atividade humana responsável pela produção de alimentos e bens de consumo que são fundamentais para a vida humana”. João Oliveira Gouveia Neto, pecuarista no município de Cáceres, Região Oeste de Mato Grosso.
COMISSÃO NACIONAL DE BOVINOCULTURA DE CORTE – A Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte, da CNA, trabalha pelo desenvolvimento do setor, com vistas ao aumento da produção e à sanidade animal. A revisão do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) do Mapa está entre as ações da Comissão. Na área da competitividade, tem atuado na ampliação de áreas habilitadas para exportação de carne bovina in natura para União Europeia; também tem trabalhado na ampliação das exportações de material genético, de bovinos vivos e na elaboração de proposta de classificação de carcaças bovinas no Brasil; no projeto Campo Futuro, promove o levantamento de custos de produção da bovinocultura de corte; na promoção comercial, atua na homologação do regulamento da Cota Hilton 481 para exportação de carne para União Europeia e na área de políticas públicas para o setor, realiza ações para otimizar linhas e recursos para créditos de custeio e investimento. Para este ano, a Comissão pretende acompanhar o avanço da recaracterização dos circuitos pecuários, por meio da revisão do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa a ser estabelecida em reuniões regionais com toda a cadeia local, assim como a homologação dos estados de Rondônia, Tocantins e Distrito Federal como áreas habilitadas para a exportação de carne bovina in natura para União Europeia, além de outras ações.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte, Antonio Pitangui de Salvo, “o Brasil cada vez mais se estabelece como fornecedor de alimento para o mundo e a pecuária de corte também assume importância socioeconômica cada vez maior. O país está localizado em uma área tropical favorável para a produção de alimentos, durante todo o ano, oferecendo oportunidade para o aumento da produção nacional em sistemas cada vez mais intensivos e integrados evitando assim a abertura de novas áreas de pastagem”, afirma. Todo esse avanço é demonstrado nas exportações nacionais de carne bovina que cresceram 737% em 14 anos, passando de US$ 779 milhões, em 2000, para US$ 6,4 bilhões, no ano de 2014. O Brasil é líder mundial em vendas externas do produto, com 21% do total.
Paulo Emílio, pecuarista em Minas Gerais e presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da FAEMG
“A pecuária, hoje, é uma das atividades de menor risco dentro do agronegócio. Primeiro porque é menos dependente do clima do que as lavouras e, segundo, porque com a nova era da exportação, deixamos de ser reféns do mercado interno. Temos ótimos clientes lá fora, inclusive para sêmens e embriões, frutos de melhoramentos genéticos. As perspectivas são as melhores possíveis: um bezerro que, há três anos, custava R$ 500, hoje custa R$ 1.500”. Paulo Emílio, pecuarista em Minas Gerais e presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da FAEMG.
Maurício Veloso, pecuarista em Goiás
“A pecuária é raiz heroica da ocupação das terras brasileiras. Cumpriu seu papel histórico no passado, cumpre seu papel hoje, integrando de forma única ganhos de produtividade e sustentabilidade. O pecuarista brasileiro permanece herói. Merece o respeito, a admiração e o reconhecimento do Brasil e do mundo.”
Maurício Veloso, pecuarista em Goiás.
PROTOCOLOS DE RASTREABILIDADE – De adesão voluntária, o protocolo de rastreabilidade é o primeiro passo para suprir um grande anseio dos produtores de gado no que diz respeito à remuneração diferenciada pela qualidade da carcaça. O objetivo é remunerar o produtor rural por meio de bonificação paga pela associação de raça ou pela própria indústria ao verificar determinadas características de carcaça que irão resultar em cortes com qualidade diferenciada para o mercado nacional ou mesmo que terão como destino mercados internacionais.
Para participar de um protocolo de rastreabilidade de adesão voluntária o produtor rural deverá realizar seu cadastro no sistema de rastreabilidade da CNA ( http://rastreabilidade.cnabrasil.org.br/ ) e selecionar o protocolo que desejar, de acordo com a possibilidade de atendimento dos requisitos estabelecidos. Ao aderir a um protocolo, o produtor rural será orientado a enviar seus animais para serem abatidos em planta frigorífica participante do programa e que possui um técnico especializado na avaliação das carcaças para classificação/desclassificação de acordo com os requisitos do protocolo. Após ter seus animais abatidos, o produtor rural receberá, além do valor da cotação do animal, a bonificação pelas carcaças classificadas no protocolo de rastreabilidade que ele aderiu.