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Proclamação da República: Brasil ainda luta por amor e esprança

Há 135 anos, o Brasil ingressava na Era da República. Ainda que aos trancos e barrancos, iniciamos naquele 15 de novembro de 1889 uma construção coletiva de todos que acreditam na soberania popular e, mais do que isso, de todos que acreditam e confiam na sabedoria popular, que acreditam que pessoas são passageiras, mas as instituições devem ser fortalecidas, pois são permanentes e imprescindíveis para um Brasil melhor, para um Brasil de sucesso e progresso, para um Brasil com mais harmonia, com mais justiça social, com mais igualdade e solidariedade, para um Brasil com mais amor e esperança.
Um acontecimento simbólico que marcou o fim da monarquia expressa o cenário. O famoso Baile na Ilha Fiscal, festa de gala oferecida pela corte de Pedro 2º a autoridades chilenas, que reuniu autoridades e parte considerável da elite econômica da época.

A festa suntuosa aconteceu no dia 9 de novembro, menos de uma semana antes do golpe que derrubou a monarquia. Na lista de convidados havia simpatizantes da República, inclusive personagens que teriam papel importante no estabelecimento do novo regime. A antiga elite também se acomodou dentro dos processos da República e não deixou de ganhar com o novo regime.

Por outro lado, o povo seguia alienado de qualquer participação política, vitimado pela carestia, por doenças oriundas de um sanitarismo inexistente, pela falta de acesso à educação, trabalho e terra e pela repressão violenta de movimentos populares.

A professora da Faculdade de Educação da Unicamp, Fabiana de Cassia Rodrigues, ressalta a manipulação do governo que se criava para conter a participação popular, expressa, por exemplo, na falta de expansão do ensino e do direito à educação.

“Existia uma resistência à expansão da educação escolar e a qualquer pensamento crítico. Hoje [isso impacta] no fato de termos, por exemplo, um dos nossos grandes intelectuais pensadores, educadores como o Paulo Freire, vilipendiado pela extrema direita. Uma das coisas que ele defende o tempo todo é que precisamos pensar criticamente. Isso é impossível, não pode no Brasil e tem a ver com o impedimento da participação popular nos processos políticos.”

Ela lembra que a Proclamação da República já continha em si o desejo de frear movimentos pela abolição da escravidão, um óbvio distanciamento entre o novo regime e as demandas populares da época.

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