Seja pelas competências individuais, pelo manuseio mais delicado ou pela maior sensibilidade para observar as tendências de um mercado onde também a maior parte dos consumidores é do sexo feminino, os números mostram que as mulheres estão conquistando cada mais espaços na floricultura nacional: da produção à comercialização direta ao consumidor, passando pelas áreas de gestão e de direção das cooperativas e empresas. Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/ESALQ/USP) e pelo Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura -, realizada em 2022 e divulgada no ano passado, mostra que o setor de Flores e Plantas Ornamentais registrou 272.000 empregos diretos naquele ano, representando 1,17% dos empregos gerados pelo agronegócio brasileiro.
É o setor que mais emprega mulheres no segmento, com uma média de quase 50% de empregabilidade feminina, chegando a 63%, dependendo da região. Esse percentual é superior à média nacional, de 43%, que considera todos os ramos de atividades. O contraste é ainda maior quando a comparação se limita ao universo da agropecuária, em que as mulheres ocupavam somente 19,6% das vagas de trabalho no período da pesquisa. O momento é muito forte para buquês e, por esse motivo, o mercado já apresenta alta demanda de rosas, alstroemérias, lírios, gypsofila, áster, cravos e folhagens nobres. Nos vasos, as opções são com flores como as azaleias, violetas, kalanchoes, tulipas e as orquídeas multifloras. De acordo com o diretor do Ibraflor, Renato Opitz, para as flores de corte, principais produtos procurados nesta data, o aumento previsto é de 15% a 20%. Isto porque a data, este ano, é comemorada em uma sexta-feira, dia da semana que favorece o impulsionamento das vendas. “Já para os demais produtos, a previsão é de um aumento de vendas próximo a 7%”, complementa. A data (8 de março) é muito importante para a floricultura brasileira e representa 8% das vendas totais do ano. Para incentivar o consumo, o setor trabalha com campanhas específicas, como o Ibraflor (“Com amor e flores celebramos a força feminina”), da CVH- Cooperativa Veiling Holambra (“Celebre com flores a mulher que te inspira”) e da Cooperflora (“Quero flores e quero respeito”).
Produtora de rosas em Atibaia e motorista do caminhão usado para abastecer o box do Ceaflor, onde comercializa a produção há 2 anos, Vilma de Almeida se define profissionalmente como alguém que planta, cuida, colhe, embala, transporta e vende flores. Ela conta que, com exceção do transporte, que só ela faz, as demais atividade envolvem outras cinco mulheres que atuam na propriedade, ratificando a presença feminina na produção de flores e plantas ornamentais no Brasil. Neste Dias das Mulheres ela está oferecendo ao mercado um volume de produtos (rosas vermelhas) 100% maior devido ao aumento da procura.
Outro exemplo é a produtora de plantas para jardinagem Maria Luiza Caetano, de 23 anos, graduada em Direito, que decidiu seguir os passos da mãe, Gilmara, na propriedade da família em Artur Nogueira, interior de São Paulo. A exemplo da produtora de Atibaia, Maria Luiza tem boxes no Ceaflor, onde comercializa seus produtos para diferentes regiões do país. Ela conta que trabalha seis dias por semana, sendo três como produtora e três comercializando produtos. Também nas principais cooperativas brasileiras o percentual de mulheres é crescente. Na CVH, por exemplo as cooperadas mulheres representam 28% do total. Já entre os colaboradores, são 214 mulheres e 270 homens. Na equipe executiva elas representam 33% de mulheres. Na Cooperflora, dos produtores cooperados, 30,48% são mulheres. E, do total de 148 colaboradores, elas somam 42% enquanto 39% ocupam cargos de liderança.