Do jornal O Varadouro —
O adjunto da Secretaria de Segurança Pública do Acre, Evandro Bezerra, relata que na aldeia Macauã, na Terra Indígena do Rio Gregório, não há indícios de que faccionados estariam invadindo a comunidade e aterrorizando os moradores. A área é habitada pelos indígenas yawanawá e os katukina pano, que dividem a mesma língua, a pano.
“A equipe se deparou com uma situação totalmente adversa do que foi veiculado”, disse Bezerra ao divulgar os resultados da operação policial realizada na região. “Verificou-se que nada teria acontecido”.
A denúncia de invasão foi inicialmente feita pelo cacique Biraci Junior Yawanawa. Em um vídeo postado nas redes sociais, o líder yawanawa disse que membros da organização atacaram pessoas de outra aldeia, em Noke Ko’í. Ele alegou que crianças foram espancadas e mulheres foram estupradas pelo grupo de invasores. “Estão sendo feitos reféns e estou muito preocupado. Está séria a situação”, afirmou, segundo a Agência Brasil.
Áudios obtidos pelo Varadouro confrontam a versão oficial. Muitos katukina tem extrema dificuldade com o português mas é possível compreender que eles falam da presença de estranhos perturbando a ordem e o sossego dos indígenas -inclusive com ameaças, já que, segundo os relatos, um grupo armado estaria no local aterrorizando homens, mulheres e crianças.
OUÇA
O policial Rodrigo Curti, de Tarauacá, disse que, de acordo com as denúncias, havia um grupo de 16 homens ameaçando as aldeias, o que demandaria esforço de algo entre 20 e 30 policiais para fazer frente ao bando criminoso. Não havia esse contingente na delegacia de polícia civil de Tarauacá.
Nos áudios obtidos pelo Varadouro, um índigena relata roubo de barco e motor pelo bando.
OUÇA
A presença de facções nas aldeias da Amazônia não é novidade. O relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 2023, publicação anual do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) cita, em seis oportunidades, a ação de organizações criminosas nas TIs.
Há anos se noticia a ação, inclusive com vítimas fatais, das facções nas aldeias. Até então, apenas operações pontuais e de baixa efetividade tem sido usadas para conter o avanço de organizações criminosas nas terras dos povos originários do Acre.
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