Com o futuro de uma das maiores nações do mundo em jogo, Kamala Harris e Donald Trump disputaram a presidência do país, porém, suas visões opostas a vários temas geram debates, dentre eles, o meio ambiente. Sobre esse assunto, Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comenta a importância das eleições americanas para as questões ambientais nos Estados Unidos e também no mundo.
Visões opostas, futuro em jogo
O vencedor, Donald Trump, do Partido Republicano, possui afirmações controversas sobre o meio ambiente. O professor comenta um episódio no qual o ex-presidente afirmou que “as mudanças climáticas foram uma ideia dos chineses para prejudicar a produção industrial norte-americana” e desprezou a importância do cuidado com a natureza. No entanto, desde o século passado existem evidências de que a queima excessiva de carvão e a liberação de CO2 já estavam associadas com o aumento da temperatura global.
Pedro Côrtes conta a história de outros cientistas e pesquisas que comprovam a existência de mudanças climáticas. “Hoje, nós temos mais de 50 anos de pesquisa consolidada a esse respeito, então, quem diz que mudança climática não existe, que o efeito estufa agravado pela queima de combustíveis fósseis não existe, está desconsiderando mais de meio século de pesquisa”, ressalta o professor.
Já a oponente de Trump, Kamala Harris, do Partido Democrata, tinha, ao longo da campnha, uma visão diferente. Para Kamala, a crise climática realmente é preocupante, pois ela merece toda a atenção e os Estados Unidos precisam trabalhar com métricas e objetivos no sentido de mitigar as mudanças climáticas. Dessa forma, é possível ver que os dois candidatos estão em posições completamente opostas em relação a esse conhecimento científico.
Green New Deal
O Green New Deal é uma série de propostas econômicas para ajudar a combater as alterações climáticas e a desigualdade económica. A ideia do projeto seria investir no desenvolvimento de fontes renováveis de energia, infraestrutura verde, transportes com emissões muito baixas ou emissões neutras e no objetivo de zerar as emissões líquidas até 2050.
A candidata derrotada Kamala Harris defende o acordo e promete que, caso eleita, voltará a estudar os temas do Green New Deal. Já Trump, considera que o Green New Deal foi um grande projeto socialista dentro dos Estados Unidos. Trump, ao longo de sua trajetória política, prometeu ressuscitar a indústria de carvão, embora o tema tenha sido pouco abordado em sua campanha atual devido ao crescente desuso do carvão em favor do gás, uma fonte de energia menos poluente. Kamala Harris, por outro lado, possui um histórico de enfrentamento à indústria petrolífera, tendo processado empresas como a ExxonMobil por ocultar informações sobre mudanças climáticas. Isso reforça seu compromisso em impor regulamentações mais rigorosas para reduzir emissões.O resultado das eleições não afeta apenas as direções políticas e econômicas dos EUA, mas também a proteção das populações vulneráveis, as mais afetadas pelos impactos da crise climática. Kamala Harris defende que medidas do Green New Deal deveriam priorizar a assistência a essas comunidades, promovendo um desenvolvimento inclusivo. Com Trump, no entanto, há o risco de essas prioridades serem desconsideradas, dada sua postura pró-indústria petrolífera.
Essas eleições se tornaram, então, um momento de definição não só para os Estados Unidos, mas para o futuro do combate às mudanças climáticas no cenário global. Como destaca o professor Côrtes, o mundo observará de perto as urnas americanas, cujo impacto pode reconfigurar as relações internacionais em prol de uma agenda ambiental mais ambiciosa – ou relegá-la a um segundo plano.
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