Quando foi a última vez que você trocou os pneus do seu carro? A resposta aqui tende a depender do quando o veículo roda e, portanto, é natural pensarmos que quem usa o carro com mais frequência vai trocar os pneus em intervalos menores.
A questão é que pouca gente se atenta ao fato de que esses componentes têm, sim, uma espécie de prazo de validade, que é diferente dos cinco ou seis anos que eles têm garantia de fábrica.
“Com o passar do tempo, a borracha dos pneus perde parte de suas propriedades, ficando mais sujeita a rupturas. Isso independe do quanto ele rodar e tende a se acentuar caso o carro fique muito tempo sob o sol”, diz Erwin Franieck, mentor de Engenharia Avançada da SAE Brasil.
Caso a borracha perca suas propriedades elásticas, ela tende a suportar menos a carga imposta pelo carro. Em baixas velocidades, o risco é menor, porém pegar uma estrada com um pneu nesse estado é um risco considerável à segurança, uma vez que podem ocorrer furos que vão desde pequenas rupturas, nas quais o pneu perde pressão gradualmente, até situações nas quais o componente esvazia de forma rápida, afetando o controle do veículo.
O tempo necessário para isso ocorrer varia bastante e, geralmente, fica próximo dos dez anos. O que normalmente ocorre é que a peça é trocada antes disso por desgaste, então pouca gente acaba enfrentando essa situação.
“Isso é algo que vai afetar mais quem tem carros antigos que ficam muito tempo parados”, complementa Franieck.
“Culpa” orgânica
O motivo para boa parte das peças terem um prazo de validade é quando há compostos orgânicos em sua composição. No caso da borracha, por exemplo, por melhor que seja a qualidade da peça ela estará sujeita a degradação.
“É cada vez mais comum termos a troca por quilometragem ou prazo, sempre o que ocorrer primeiro. Por exemplo a correia dentada, que em alguns modelos há dois tipos de prazo para a troca, por quilometragem ou por tempo, prevalecendo o que primeiro ocorrer”, aponta Pedro Luiz Scopino, professor de mecânica e gestor da Auto Mecânica Scopino.
Além dos pneus e da correia, podemos incluir na lista de componentes feitos de borracha mangueiras, batentes de suspensão, coxins, palhetas de limpeza de para-brisa e componentes de vedação.
Em mau estado, esses componentes podem gerar problemas das mais variadas gravidades, indo desde um para-brisa mais difícil de limpar em dias de chuva até uma ruptura de mangueira de combustível no motor o que, mediante uma fagulha, pode provocar um incêndio.
Outro exemplo de componente que sofrem com a ação do tempo são lubrificantes e combustíveis. Segundo a Shell, gasolina comum parada no tanque tem validade de dois a três meses, enquanto a aditivada tem esse prazo elevado para dez meses. O etanol, por sua vez, não tem uma validade determinada, porém com o tempo ele tende a absorver umidade do ar e pode perder eficiência.
O prejuízo maior, contudo, é observado quando não se respeita o intervalo de troca de lubrificantes. No caso do óleo do motor, o prazo de troca segue o padrão “quilometragem ou tempo, o que ocorrer antes” e varia bastante de acordo com o tipo de óleo e o carro. Mas, se estiver em mau estado, ele perde aos poucos suas propriedades e, por tabela, deixa de ser eficiente na proteção do motor.
Em carros com câmbio automático, o óleo da transmissão também requer atenção. Novamente, cada fabricante estipula um prazo para troca, que deve ser seguido à risca para evitar danos ao componente. Por fim, temos o fluido de freio, que tem um intervalo de troca comum próximo dos 40 mil quilômetros ou dois anos. O risco aqui é a oxidação e a consequente perda de propriedades.
Esses foram alguns exemplos de componentes que acabam sofrendo a ação do tempo, independentemente do uso. Fiquem tranquilos, porém: você não precisa ter uma agenda específica para anotar quando deverá trocar cada item do carro. Isso porque grande parte desses componentes têm troca prevista no plano de manutenção preventiva do carro.
“Esses prazos de troca são prescrições prescrição do fabricante, ou seja, é o que a engenharia da empresa que fez o carro determinou. E trata-se de manutenção preventiva, que é a melhor opção por ser mais barata, mais rápida e mais segura”, conclui Scopino.
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