O empresário Manuel Agostinho Rodrigues de Miranda, 66, morreu após ter o carro atingido por dezenas de tiros disparados por criminosos no Rio de Janeiro, no domingo (29). A suspeita da Polícia Civil é de que o crime tenha sido motivado por vingança.
O que chama a atenção no assassinato é que o veículo Toyota Corolla usado pelo empresário era blindado e os criminosos concentraram os disparos – mais de 30 – na área da maçaneta da porta do motorista.
Além disso, a Polícia Civil apontou que os criminosos usaram armamento pesado: fuzis 7,62 mm.
“Numa blindagem para uso civil, o tiro de fuzil passa. Não importa a parte do veículo que os tiros atinjam”, diz Alessandro Abreu, especialista em blindagem e diretor da empresa Prestige Blindagens.
Como funciona a blindagem automotiva
A blindagem nada mais é do que a instalação de materiais resistentes a impactos, como aço, vidros espessos e polímeros especiais, no automóvel. Esse revestimento é aplicado em portas, vidros, teto e outras áreas estratégicas.
Em geral, ela é classificada em seis níveis, que determinam a quantidade de proteção contra diferentes calibres de armas de fogo.
No Brasil, a categoria mais comum de blindagem é a nível III-A, capaz de suportar tiros de armas de pequeno e médio porte, como pistolas 9 mm e .44. Essa proteção é a mais alta permitida para pessoas comuns, os níveis de quatro a seis são de uso restrito das forças policiais.
O ponto fraco da blindagem, no entanto, pode surgir em locais onde é impossível aplicar o revestimento com a mesma eficácia, como na junção entre as portas e maçanetas, por exemplo.
“Um veículo blindado não pode ficar parado. A blindagem deve funcionar como um mecanismo de proteção momentâneo, que possibilite a fuga de uma situação de perigo. Não existe blindagem inexpugnável”, acrescenta Abreu.
No caso de Rodrigues, o empresário estava estacionado e não conseguiu deixar o local a tempo. O fato de a porta do motorista ter recebido mais de 30 disparos em uma área crítica, próximo à maçaneta, também contribuiu para que a blindagem não fosse eficaz.
Quando vários tiros atingem o mesmo local, a estrutura do material blindado pode ceder devido à fadiga, permitindo que alguns disparos atravessem o veículo. A blindagem nível III-A, por exemplo, consegue proteger de até três disparos concentrados em um mesmo ponto.
Outro ponto que pode comprometer a blindagem de um automóvel é a manutenção. É necessário fazer manutenções regulares. Vidros e painéis podem desgastar com o tempo, principalmente após sofrer impactos, tornando-se menos resistentes.
Além disso, é importante seguir as recomendações do fabricante, que incluem revisões periódicas e a substituição de componentes danificados.
“O veículo deve ser submetido a diversos controles de qualidade entre as etapas de blindagem, após remontado ele ainda é submetido a testes de rodagem, ajustes, estanqueidade (para verificar a correta vedação à água), entre outros testes necessários para garantir um veículo perfeito e seguro para o uso”, acrescenta Abreu.
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