O transplante de medula óssea é um tratamento indicado para doenças relacionadas à fabricação de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico, necessitando de doadores voluntários para que a possibilidade de quem precisa do tratamento seja maior.
Focando nisso, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), por meio do Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemoacre), aposta em campanhas de conscientização, que impactam nesses números. Neste ano, em nove meses, foram 603 novos cadastrados no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro apontou que, levando em consideração o primeiro semestre deste ano, surgiram 511 novos doadores de medula óssea no Acre. Um aumento considerado significativo, uma vez que no ano passado foram 132. Ao todo, no cadastro são 15.832 doadores em todo o estado, segundo o Redome.
A bióloga Eliene Passos, que atua no Setor de Captação de Doadores de Sangue e Medula Óssea do Hemoacre, explica que no ano passado foi feita uma mudança de laboratório e, por isso, houve uma baixa adesão. Mas a equipe tem apostado em ações de conscientização para chegar a todas as pessoas. O levantamento aponta ainda que há 68 pacientes cadastrados que realizaram busca de doador não aparentado.
“O Hemoacre, com apoio da Secretaria de Saúde, faz essa ação com empresas e instituições, parcerias com faculdades, municípios, Forças Armadas e também redes sociais. No período de 2023, estávamos em negociação para a indicação de um novo laboratório e, por esse motivo, tivemos apenas 132 novos doadores voluntários cadastrados”, explica.
Eliane completa relatando que, sempre que há uma mudança de laboratório, o número de cadastros cai, porém, depois disso esse índice é normalizado. A equipe vê com naturalidade o número, já que o teto para novos cadastros anualmente é de 968 doadores.
Para se tornar um doador, é preciso ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não ter doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue. Esse cadastro fica ativo até que a pessoa complete 60 anos, sendo necessário apenas atualizar os dados com certa periodicidade.
“São coletados 5 ml de sangue para fazer um exame que se chama HLA [Human Leukocyte Antigen], para saber se a pessoa é geneticamente compatível com quem está na fila, esperando o transplante. Cada pessoa que se cadastrar vai ter os dados cruzados com as pessoas que estão na fila de espera, então, quanto mais pessoas estiverem cadastradas, mais chances o paciente tem de achar um doador compatível, que é de um em cem mil. É importante que a pessoa que tem interesse em se cadastrar tenha consciência que, caso seja contactada para novos exames, vá e fique até o final, porque, às vezes, a pessoa pode desistir de doar. Então é muito importante essa conscientização”, reforça.
O procedimento é rápido, como uma transfusão de sangue, e dura em média duas horas. Consiste na substituição de uma medula óssea doente por células normais da medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável.
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a doação é um ato de solidariedade e esperança: “Ao fortalecer o cadastro de doadores, o SUS amplia suas possibilidades de oferecer um tratamento eficaz e gratuito a quem precisa, garantindo acesso à saúde de qualidade para todos. A colaboração da população nesse processo é essencial, pois cada doador registrado pode ser a cura para muitos, contribuindo para a equidade no acesso aos cuidados de saúde no país”.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, para a maioria dos pacientes, os doadores não aparentados do Redome são a única alternativa, pois, entre irmãos, a chance de compatibilidade é de cerca de 25%. A probabilidade é ainda maior quando as duas partes envolvidas são do mesmo país. Pacientes que não têm um doador no Brasil podem buscar possibilidades em registros internacionais.
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