Um sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), identificado como Rafael Vasconcelos Santos Gomes, teria proferido ofensas homofóbicas a uma criança de 6 anos dentro de um supermercado em Vicente Pires. O caso, que ocorreu na quinta-feira (5/9), foi denunciado pela mãe da criança, que registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil do DF (PCDF), que apura as circunstâncias. A mulher diz que também foi xingada pelo militar e pela esposa dele.
De acordo Vanessa de Andrade, mãe do menino, o filho caçula estava dentro do carrinho do supermercado, quando a irmã da criança, uma adolescente de 14 anos, foi ajudar o menino a sair. Nesse momento, ele caiu do carrinho e começou a chorar. Segundo Vanessa, o sargento teria se dirigido ao menino e lhe dado um “esporro”.
“Ele ficou falando que meu filho tinha que virar homem e deixar de ser viadinho”, disse a mãe. Assim que viu um homem adulto gritando com a criança de 6 anos, Vanessa foi correndo tirar satisfações.
A sargento teria debochado e se afastado dela, caminhando pelos corredores do mercado. Vanessa seguiu o militar, exigindo explicações. A esposa de Rafael, então, apareceu e deu razão ao marido.
“Eu fui relatar para ela o que tinha ocorrido, achando que ela ajudaria, mas ela falou que o marido estava certo, e que eu não sabia criar meus filhos, porque era vagabunda e sapatão”, contou Vanessa.
Indignada com a situação, Vanessa começou a filmar os dois. Nas imagens, é possível ver a acompanhante de Rafael tentando tomar o telefone da vítima.
Veja a confusão:
Em outro momento, Rafael filma e fala que o que fez foi ensinar o menino a não ser um “vagabundo”. Ele também diz que o menino teria batido no rosto da adolescente de 14 anos, o que justificaria a iniciativa de tomar satisfação.
“Meu filho nunca bateu na minha filha”, contou a mãe. “Ela é maior que ele, estava ajudando o irmão a sair do carrinho”, continuou. Ela relatou, ainda, que as crianças ficaram assustadas. “Ele não entendeu e ficou com medo de entrar em carrinho de supermercados”, completou.
Sargento
A mãe contou que chegou a ser retirada à força pelos seguranças do supermercado Tatico. “Até meus seios eles apalparam”, relatou. Ela voltou ao mercado e ficou no local até ter alguma informação sobre quem era o homem que havia ofendido o filho. Ela conseguiu identificá-lo por meio da placa do carro. “Ele ficava o tempo todo com a mão na cintura e desconfiei que poderia ser policial e estar armado”, disse.
No Portal da Transparência, Vanessa confirmou suas suspeitas. Rafael é sargento da Polícia Militar do DF. “Também desconfio que o pessoal do Tatico sabia que ele era militar e por isso não fizeram nada contra ele”, cita.
Vanessa levou o caso para 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires) e à corregedoria da Polícia Militar.
A defesa do supermercado Tatico informou que está com problemas nas câmeras de segurança, que não registraram o ocorrido. “Estamos apurando todos os fatos e acompanhando tudo de perto junto a Vanessa. O Supermercado Tatico condena veementemente qualquer comportamento agressivo em suas dependências e preza pela segurança de seus colaboradores e clientes. No momento, ainda estamos apurando os fatos. De qualquer forma, o supermercado está acompanhando com a senhora Vanessa e dando todo o suporte necessário, inclusive o jurídico”, completou.
O Metrópoles procurou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que não havia emitido nenhum parecer até a última atualização deste texto. A reportagem também tentou localizar o sargento, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.
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