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História e tradição marcam mais uma noite do Arraial Cultural em Rio Branco

Na terceira noite do Arraial Cultural, promovido pelo governo do Acre em Rio Branco, muitos artistas da cultura junina se apresentaram, mostrando a tradição e a história das quadrilhas no estado, desde a chegada dos nordestinos na região.

Nesta quinta-feira, 18, o público se reuniu nas arquibancadas montadas no Calçadão da Gameleira para prestigiar as cinco apresentações da noite que disputam o festival estadual de quadrilhas. Os grupos juninos se dedicam, para além de emocionar o público presente com as apresentações, a atender os requisitos do júri, que avalia os quesitos: casamento, harmonia e conjunto; coreografia; figurino e originalidade.
Iniciando as apresentações, a quadrilha Farofa de Capeta, de Sena Madureira, trouxe a temática “Banzeiro do Iaco, movimento das águas, transbordando vida, amor e fé!”. Com 28 anos de tradição e 70 membros, o grupo, que chegou no fim da tarde à capital, apresentou-se com 14 pares, além de mais 20 pessoas na produção.

O enredo musical da junina movimentou o público com a história do Rio Iaco e o incentivo à preservação e ao cuidado com os rios, para a sobrevivência da população.

Coordenador da quadrilha e noivo junino, Denisio Xavier contou que há aproximadamente dez anos o grupo participa da competição estadual e que acredita no reconhecimento do público ao tema escolhido, que considera “simples, mas rico em detalhes”. E completou: “Estamos trazendo um tema regional, que vai homenagear o Rio Iaco. Através dos ribeirinhos, a gente vai usar os elementos do dia a dia, a canoa, pescaria, rede. É uma apresentação que vai ter muitos detalhes; acredito que, como é algo local, todos nós somos um pouco ribeirinhos, porque os rios cortam nossos municípios, então acho que as pessoas vão se identificar”.

Na sequência, a quadrilha Junina Tradição, de Epitaciolândia, trouxe a história da Revolução Acreana. O grupo foi iniciado em 2023 e é composto, em sua maioria, por adolescentes que realizam ensaios na Praça Edmundo Pinto, no centro da cidade. Com 30 pares e 96 participantes, a junina rememorou a história do Acre em sua apresentação.

O adolescente Ueni Pereira, de 11 anos, começou a participar da quadrilha este ano e é o dançarino mais jovem do grupo, seguindo a irmã. “É uma experiência enorme pra mim, eu nunca tinha aparecido assim, pra ir pra outros cantos me apresentar, então é muito legal; espero que a nossa seja a melhor quadrilha desta noite e que a gente saia muito bem”, desejou.

Moradora do Conjunto Esperança, na capital, a jovem Lana Falcão participou de quadrilha desde os 12 anos e atualmente, assistindo às apresentações como público, definiu como “maravilhosa” a evolução da estrutura disponibilizada pelo governo. “O tablado é muito diferente de antigamente; a gente dançava aqui no tijolão mesmo e, agora, tem iluminação na bandeira, tudo diferente, tudo inovado”, percebeu.

A terceira apresentação da noite ficou a cargo da quadrilha Assanhados na Roça, com o tema “A festa junina; lembranças e referências culturais”. Com mais de 60 participantes, o grupo foi criado em 1997, no bairro Plácido de Castro, também na capital, para animar os arraiais da região, e em 2010 se filiou à Liga de Quadrilhas Juninas do Acre (Liquajac). “Este ano trouxemos os santos juninos, falando de São Pedro, Santo Antônio e São João, aliados às tradições, que o povo fazia principalmente com o santo casamenteiro, e essa história faz parte do casamento e de toda a encenação”, explicou a participante Sabrina Caetano.

A penúltima quadrilha da noite foi a Matutos na Roça. Criada em 2005, a junina conta com a participação de moradores do bairro Aeroporto Velho e de muitos outros lugares de Rio Branco.

O coordenador Jimmy Silva conta que este ano o grupo está com uma média de cem pessoas envolvidas em todo o espetáculo, apresentado por 20 pares com o tema Vai de Retro, retratando a história do homem que vendeu a alma ao diabo e quase perdeu seu amor.

“É uma história em que retratamos o racismo, o preconceito, tanto racial quanto financeiro, a deliberação de quem tem mais, de quem tem menos, o poder. Então estamos abordando essa situação que hoje se sente na pele, a questão do racismo; por isso buscamos mostrar que o ser humano, quando o sapato aperta, no ditado popular, ele se pega com o diabo, se pega com qualquer coisa e não procura ganhar, viver, conquistar. É um tema baseado em fatos reais”, explicou.

O encerramento das apresentações ficou com a quadrilha Sassaricando na Roça, que já tem 21 anos de tradição, promovendo a cultura junina no bairro Nova Esperança, em Rio Branco.

Com o tema São João das Maravilhas, a quadrilha se apresenta com 24 pares e é composta por 78 participantes. “Vamos contar todo o emblemático [do festejo] de São João, o começo das festas juninas na França até chegar ao Brasil, a mistura que vem de lá, com a mistura daqui, formando as quadrilhas”, disse um dos coordenadores do grupo, Paulo Farias.

Natural de Capixaba, Juliana Batista relata a emoção de assistir à competição estadual pela primeira vez. “Eu tinha o sonho de assistir o circuito junino e o concurso estadual. Amei, tudo muito lindo, a estrutura maravilhosa, perfeita, estão de parabéns, a música, as quadrilhas. Tô muito feliz”, resumiu.

A população poderá prestigiar as apresentações do espetáculo junino no palco Arena dos Folguedos até o próximo domingo, 21, com a apresentação das campeãs da competição.

Edmilson Ferreira
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Edmilson Ferreira

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