Pesquisadores da Embrapa Acre (AC), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Embrapa Instrumentação (SP) realizaram visitas técnicas a áreas produtoras de castanha-do-brasil – também conhecida como castanha-da-amazônia e castanha-do-pará – do Acre e Rondônia. O objetivo da visita foi conhecer as etapas de produção da amêndoa, para aprimorar o projeto técnico de um equipamento capaz de eliminar a presença de fungos no produto e degradar aflatoxinas, substância de efeito danoso à saúde humana.
A atividade, realizada no final de maio, faz parte do projeto Aflafree, coordenado pela Embrapa Acre, com apoio financeiro da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM), por meio do PPBio – Projetos Prioritários em Bioeconomia.
De acordo com Cleísa Cartaxo, pesquisadora da Embrapa Acre e líder do projeto, o problema da contaminação da castanha-do-brasil por aflatoxinas pode iniciar ainda na floresta, durante a etapa de amontoa dos ouriços ou das castanhas, em decorrência de práticas inadequadas de manejo.
“Para reduzir riscos de contaminação estamos desenvolvendo um equipamento com uso de radiação UV-C e diferentes maneiras de aplicação. O processo de descontaminação acontece a partir da aplicação de luz (UV-C), que quebra as moléculas de DNA dos organismos vivos, contribuindo para eliminação de diversos tipos de microrganismos indesejáveis, no caso da castanha os fungos Aspergillus, agentes produtores de aflatoxinas. Além disso, a luz também age na degradação das aflatoxinas presentes nas castanhas, organismos que limitam a comercialização do produto.
Segundo o pesquisador Whashington Luiz de Barros Melo, da Embrapa Instrumentação, a visita a áreas de produção ajudou a ampliar a compreensão sobre a realidade de localidades onde as atividades do projeto serão desenvolvidas. “Conheci a exuberância dos castanhais e vi as dificuldades que muitos extrativistas enfrentam para coletar e retirar as castanhas da floresta, mas, mesmo com esses desafios, é uma cadeia produtiva de grande importância econômica para as populações que vivem na Amazônia. Essa experiência na região fez com que eu valorizasse ainda mais o produto”, comenta.
Em Rondônia, no município de Nova Califórnia, além de castanhais na fazenda Nova Fronteira, a equipe também conheceu a Cooperativa Agropecuária e Florestal do Projeto Reca. Os pesquisadores também visitaram a Miragina, indústria de alimentos localizada em Rio Branco (AC), que atua no beneficiamento da castanha-do-brasil e óleos vegetais, entre outras matérias-primas, para conferir as etapas de processamento da castanha-do-brasil nos dois empreendimentos. “São agroindústrias com diferentes perfis, que possibilitaram informações técnicas importantes para subsidiar a construção do equipamento para melhor atender esse segmento produtivo”, ressalta Melo.
O pesquisador também destacou a experiência de intercâmbio entre os profissionais das três Unidades da Embrapa como uma oportunidade para agregar novos aprendizados no processo de construção de um equipamento que pode beneficiar realidades distintas dos estabelecimentos que comercializam a castanha-do-brasil na Amazônia.
“Foi um momento de interação muito rico. Vimos o quanto temos a aprender a partir das realidades em que cada equipe de pesquisa atua na região”, acrescenta Cartaxo, enfatizando que o Aflafree também vai atuar para definição dos parâmetros de utilização de luz ultravioleta para descontaminação fúngica da castanha, trabalho que será conduzido pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Daniel Terao, que também participou das visitas técnicas no Acre.
A produção de castanha-do-brasil é a principal fonte de renda para as famílias que sobrevivem do extrativismo na Amazônia. O produto, muito apreciado no mercado interno e por consumidores de diversos países, representa um dos carro-chefes da bioeconomia da região. Entretanto, a contaminação por aflatoxinas está entre os fatores limitantes da comercialização das amêndoas, principalmente, no exterior.
As ações do projeto Aflafree têm como objetivo reduzir o nível de aflatoxina, e, dessa forma, melhorar a qualidade do produto para aumentar a participação da castanha-do-brasil no mercado internacional. “Ampliar as relações comerciais da castanha-do-brasil pode gerar benefícios em toda a cadeia, desde a produção extrativista até a comercialização dos produtos industrializados”, afirma Cleísa Cartaxo.
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