Muitos fumantes não sabem, mas existe um teste científico para ajuda no combate ao tabagismo. Trata-se do teste de Fargeström, um questionário que permite avaliar qual é o nível de dependência da nicotina e, a partir daí, sugerir terapias que podem ajudar o fumante a enfrentar o processo para parar de fumar. O teste é usado em equipes que trabalham com tabagistas nos hospitais universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O pneumologista do Hospital Universitário Antonio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF), Leonardo Pessôa, coordenador do programa antitabagismo do hospital, disse que o teste é usado no tratamento de tabagismo e, com a pontuação 5, já há dependência química; neste caso, há indicação de medicamento auxiliar na interrupção do tabagismo.
Segundo ele, essa ajuda é fundamental, já que o tabagismo é uma doença e precisa ser tratada adequadamente, inclusive enfrentando a fase da abstinência. “Fumar não é um hábito. A pessoa não fuma, como parece, porque quer, mas porque tem dependência química, psíquica ou comportamental, sendo que a parte comportamental está relacionada a gatilhos, como uso de café, por exemplo”, disse.
Leonardo Pessôa afirma que o quadro é preocupante, uma vez que os percentuais de tabagismo, que estavam caindo, voltaram a subir. “O alvo é sempre o jovem. Formas antigas, como o cigarro artesanal, o narguilé e o vape , provocaram, sim, um incremento no número de tabagistas e a gente tem que alertar que não há forma segura de uso do tabaco”, disse o médico, acrescentando, porém, que a boa notícia é que a ciência está preparada para ajudar quem quer enfrentar o tabagismo.
“O tabagismo tem tratamento, a pneumologia tem recursos para ajudar aqueles que trazem a matéria-prima, que é a vontade de parar. Temos tratamentos para todas as dependências e esperamos que a pessoa se predisponha a parar. O importante é tentar e a gente está aqui para ajudar de todas as formas”, anunciou.
No Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), há o projeto de extensão NET-Tab. Desde 2008, atua na formação de alunos da área de saúde na prevenção e tratamento do tabagismo e orienta funcionários, pacientes e acompanhantes sobre os riscos e danos do tabagismo, além de apresentar medidas de controle e prevenção, como o teste de Fargeström, usado nas campanhas e nos grupos de tabagistas.
“Chamamos a atenção para as consequências do tabagismo associadas a diversas doenças, com o registro atual de 1,2 milhões de mortes ao ano por uso passivo do tabaco no mundo, além dos já comprovados danos ao planeta. A exposição de crianças ao fumo está relacionada tanto ao desenvolvimento de problemas físicos, quanto ao desenvolvimento de dependência química. A campanha do dia 31 de maio trouxe conscientização sobre a saúde como um todo para milhões de pessoas, e aumentou a visibilidade sobre questões graves que impactam diretamente a vida da população”, comentou a professora Leila Steidle, coordenadora do NET-Tab.
O pneumologista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal de Tocantins (HU-HDT) Emanuell Felipe Silva Lima, disse que este tipo de mensagem e a campanha do Dia Mundial sem Tabaco são importantes para alertar a população sobre as doenças e mortes relacionadas ao tabagismo e seus derivados. Só em relação à pneumologia, ele listou uma série de doenças associadas ao tabaco, como bronquite crônica e enfisema pulmonar, fibrose pulmonar, infecções pulmonares, pelo menos 12 tipos de cânceres, úlceras pépticas, impotência sexual, doenças cardiovasculares, lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico, entre outras.
Segundo ele, o perfil do tabagista é variado. “São homens e mulheres, meninos e meninas, independente de raça, cor, classe social ou cultura. Não tem um perfil específico. Infelizmente todas as faixas etárias são atingidas. É lamentável ver adolescentes na faixa de 12 a 17 anos, sendo hoje os principais alvos da indústria tabágica. Estão praticando desde muito cedo este hábito em razão da diversidade e facilidade em adquirir os cigarros eletrônicos. É que chamamos de Pandemia Silenciosa”, disse.
No Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), o Grupo de Enfrentamento ao Tabagismo foi criado a partir da necessidade de assistir os pacientes de diversas especialidades que necessitam de apoio no combate ao tabagismo, segundo explicou o enfermeiro Marcelo Cid Holanda, coordenador do grupo.
“Usamos a metodologia da terapia cognitivo comportamental (TCC), basicamente uma mudança no foco do padrão de comportamento, oferecendo novas formas de lidar com situações gatilhos, desenvolvendo, assim, estratégias para o tratamento compartilhado em grupo e com os medicamentos preconizados pelo Ministério da Saúde”, disse Marcelo Holanda, explicando que o teste de Fargeström é aplicado nos primeiros encontros e reaplicado quando necessário. “É um parâmetro auxiliar importante no melhor direcionamento e conduta de tratamento”, disse.
“Sempre destacamos que o tabagismo é uma doença conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) e causa dependência física, psicológica e comportamental semelhante ao que ocorre com o uso de outras drogas como álcool, cocaína e heroína. E é a dependência mais difícil de cessar. É uma doença e existe tratamento disponível assim como qualquer outra dependência”, acrescentou.
Ele afirma que há inúmeros casos de tratamentos de pacientes que usaram a (TCC) aliada a medicamentos, com Bupropiona, adesivos de nicotinas e/ou gomas de mascar fornecidas gratuitamente pelo Ministério da Saúde.
Segundo Marcelo Holanda, há pacientes que resgataram o uso de instrumentos musicais ou passaram a frequentar museus e outros locais onde é proibido fumar, passaram a praticar atividades físicas, por exemplo. “São pacientes que mudaram seus hábitos cotidianos e descobriram prazeres saudáveis. Todos esses exemplos são estratégias que além da medicação, mudaram os hábitos de vida. Por isso a importância do grupo, pois, somente a medicação dificilmente possibilitaria sucesso no tratamento”, disse.
O teste de Fargeström está disponível neste link.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 42 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Sinval Paulino e Vanda Laurentino, com revisão de Danielle Campos
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