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Álcool, cigarros e telas: como o excesso de redes deve ser encarado

Foi ainda no fim do século 19, nos Estados Unidos, que a sociedade civil começou a se organizar contra o uso abusivo do álcool, devido aos seus efeitos nocivos à saúde, à moralidade e à ordem social.

Esse movimento social e político, que ficou conhecido como o movimento da temperança, ganhou força e culminou na Lei Seca (Prohibition) de 1920, que proibiu a fabricação, venda e transporte de bebidas alcoólicas em todo o país.

Apesar das boas intenções, a Lei Seca teve muitos efeitos adversos e foi um fracasso retumbante. A criminalização do álcool levou ao surgimento de mercados clandestinos, aumento da criminalidade organizada e corrupção.

Em 1933, a Lei Seca foi revogada e, após a revogação, os estados começaram a estabelecer suas próprias idades mínimas para o consumo de álcool, geralmente variando entre 18 e 21 anos.

A partir daí, diversos estudos mostraram que os estados que estipularam uma idade mínima para 21 anos apresentaram uma redução significativa nos acidentes de trânsito entre jovens, quando comparados aos que estipularam a idade mínima para 18 anos.

Em 1984, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei Nacional da Idade Mínima para Consumo de Álcool, que condicionava a liberação de verbas federais para estradas ao aumento da idade mínima para 21 anos em todos os estados.

Ou seja, foram necessários muitos acidentes de trânsito fatais envolvendo menores de 21 anos, frequentemente embriagados, para o endurecimento das leis de consumo de álcool para os jovens.

Mesmo assim, ainda houve resistência à legislação da indústria e de grupos que defendiam a autonomia dos estados e dos jovens. Argumentos contra incluíam a crença de que jovens de 18 anos, que podiam votar e servir nas forças armadas, deveriam ter o direito de consumir álcool.

Desafio

Corta para o século 21. Hoje, enfrentamos um desafio semelhante com o uso de redes sociais, que, assim como o álcool e o tabaco, podem ter efeitos adversos significativos, especialmente entre os jovens.

As redes sociais são projetadas para serem viciantes, utilizando designs sedutores e algoritmos que priorizam conteúdos que mantêm os usuários engajados por mais tempo. Isso pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, baixa autoestima e déficit de atenção.

Não há quem não conheça o caso de alguma criança que tem uma relação ruim com aparelho de celular ou TV, que não consegue desligar, fica enfurecida com a possibilidade da ausência da tela, e tem um comportamento totalmente fora do habitual.

Mas essas mudanças repentinas de humor são só uma parte do problema, que inclui alterações cognitivas, perda de saúde emocional, dificuldade em socializar, além de afetar a vida escolar da criança e do adolescente.

O projeto “The Inspired Internet Pledge”, promovido pelo Digital Wellness Lab, do Hospital Infantil de Boston (EUA), foi criado com o objetivo de unir todos os setores que trabalham no ecossistema digital para que se comprometam a tornar a internet um lugar mais saudável para os jovens.

No vídeo que guia a campanha do projeto, um adolescente fala sobre como na época de seus avós e bisavós era normal vermos pessoas fumando desde muito novas, todos cresceram com essa imagem, mas que com o tempo foi se descobrindo como o cigarro era prejudicial, em uma comparação com o atual uso de telas.

“Nós crescemos com uma tela de celular na nossa frente ou atrás de um computador por horas e horas, sem entender direito as consequências negativas antes de ser tarde demais”, disse um dos entrevistados.

A história da regulamentação do consumo de álcool e cigarro para menores de idade é marcada por uma interação complexa entre evidências científicas, pressões sociais e políticas, resistência de vários setores e lobby, muito lobby.

A evolução dessas regulamentações foi impulsionada por dados sólidos que mostraram os impactos negativos do consumo precoce de álcool e tabaco e a eficácia das restrições de idade em mitigar esses efeitos.

Da mesma forma, a regulamentação do uso de redes sociais é uma necessidade para proteger a saúde mental e o bem-estar de quem hoje já sofre com seu mau uso.

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