O risco do contato humano com animais peçonhentos como aranhas, escorpiões e serpentes aumenta em áreas afetadas por enchentes. Isso ocorre porque estes animais tentam fugir do alagamento se protegendo em locais secos, como abrigos ou estabelecimentos não afetados pelas águas – justamente onde as pessoas se aglomeram. Além disso, alguns animais não conseguem chegar ao destino e morrem no caminho. Nestes dois cenários, medidas sanitárias devem ser adotadas para evitar possíveis envenenamentos por picada e infecções causadas pelo manuseio de animais mortos.
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Durante as enchentes, alguns animais peçonhentos conseguem subir no topo das árvores ou são arrastados em troncos até se alojar em áreas secas. As cobras, em especial, podem nadar por algum tempo até chegar a um local seco. “As serpentes, assim como os humanos e os animais domésticos, estarão mais estressadas que o normal, porque perderam seu habitat natural e isso pode aumentar o risco de acidentes. Nas áreas afetadas pelas enchentes as serpentes mais perigosas são as jararacas, as cascavéis e a coral verdadeira, que são asas peçonhentas. Lembrando que nem todas ocorrem em todos os lugares”, afirma a pesquisadora científica e coordenadora de manutenção animal do Museu Biológico do Butantan, Silvia Cardoso.
Como evitar acidentes
Uma medida eficaz contra acidentes com animais peçonhentos é evitar mexer, sem proteção, em buracos, frestas ou locais com entulho, onde aranhas, escorpiões e cobras podem ter se escondido. “Use cabos de vassoura, enxadas ou pedaços compridos de madeira para mexer em móveis, de preferência, usando luvas, botas ou calçados fechados”, afirma o infectologista e gestor médico de Ensaios Clínicos do Butantan, Érique Miranda.
Jararaca é uma das serpentes peçonhentas que ocorrem em todo o Brasil
Se encontrar algum animal peçonhento vivo, Silvia ressalta a importância de não tentar identificar ou capturá-lo. “Nessa situação não é indicado tentar ver se o animal é venenoso ou não. O correto é não se aproximar e chamar o Corpo de Bombeiros, o Centro de Controle de Zoonoses ou a Defesa Civil, que podem fazer a captura segura do animal, sem colocar em risco as pessoas ao redor”, ressalta.
Identificar animais domésticos, como cães e gatos, com o nome completo, cidade e número de telefone ajuda no resgate e aumenta as chances de devolução no futuro. “Não deixe os animais acorrentados sob nenhuma circunstância, independentemente do porte. Dessa forma, eles têm a oportunidade de buscar um local seguro. A fuga pode ser a diferença entre viver ou morrer”, destaca, em comunicado divulgado no início de maio, a Comissão de Animais Silvestres, Exóticos e de Desastres do Rio Grande do Sul (CRMV-RS).
Outros animais silvestres como jacarés e lagartos também podem surgir nas áreas urbanas alagadas, e precisam de resgate especializado. “Se você encontrar esses animais, não tente retirá-los do local sozinho. Você pode se ferir ou acabar cometendo um crime ambiental. Esses animais, inclusive os peçonhentos, são protegidos por lei”, destaca o órgão gaúcho em seu site.
Em caso de acidente
Solicite atendimento médico o mais rápido possível para o recebimento do soro antiveneno em caso de picada de animal peçonhento. O Instituto Butantan é o maior produtor de soros antiveneno do país e os oferece anualmente ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, que distribui para unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país.
“Se uma pessoa for picada, mantenha ela deitada e em repouso até receber o atendimento de saúde. É importante evitar que a vítima se locomova por seus próprios meios. Mantenha o membro picado mais elevado que o restante do corpo. Lave o local da picada com água e sabão e nunca faça torniquete ou garrote no local”, diz o infectologista Érique Miranda.
Se encontrar um animal morto
Alguns cuidados sanitários minimizam o risco de infecções se houver necessidade de remover carcaças de animais mortos. É necessária a lavagem adequada das mãos, ou o uso de luvas, para prevenir a infecção por Salmonella spp., gênero de bactérias que causam intoxicação alimentar, e por Escherichia coli, bactéria que pode contaminar alimentos e causar doenças graves. É importante também proteger todas as fontes de alimento antes de remover quaisquer carcaças de animais para evitar atrair ratos.
Outros cuidados também são recomendados na remoção de carcaças, como pontuam os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC):
• Cubra a mão com luvas e, com um saco plástico de lixo, recolha os restos; depois, inverta o saco de lixo das mãos sobre os restos e feche o saco.
• Para animais maiores, use uma pá para colocar os restos dentro de um saco plástico de lixo e depois enxágue a pá com água.
• Desinfete todas as roupas e sapatos após a remoção.
• Tome banho e lave bem os cabelos após o término da atividade.
• Ligue para o Centro de Zoonoses de sua região para obter mais instruções e solicitar a coleta.
Para quem está enfrentando as enchentes no Rio Grande do Sul, a CRMV-RS orienta entrar em contato com a Polícia Ambiental (Patram) no número (51) 98501-6672 ou com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema-RS) no (51) 98593-1288 para a remoção de animais e para receber outras orientações.
Reportagem: Camila Neumam
Fotos: Comunicação Butantan e Governo do Rio Grande do Sul
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