Olho de peixe é o nome popular de um tipo de verruga que surge especificamente na planta do pé. Ela tem como característica principal a presença de uma área enegrecida no centro em decorrência da trombose de pequenos vasos, dando o aspecto de um olho do animal morto (daí o nome).
A doença ocorre pelo vírus HPV e tem transmissão entre pessoas. Conheça abaixo os principais sintomas, causas e tratamentos.
Olho de peixe: o que é, sintomas e como tratar
O que é o olho de peixe?
Também conhecida como verruga plantar, trata-se de uma doença é causada pelo papilomavírus (HPV) —existem mais de 150 subtipos do vírus. Cerca de 30 deles causam lesões genitais, sendo que 15 podem levar ao desenvolvimento do câncer de colo de útero, por exemplo. Outros, no entanto, geram as indesejáveis verrugas.
O olho de peixe é causado por vírus dos subtipos 1, 4 e 63, que são mais prevalentes na região da planta do pé, geralmente apresentando uma única verruga.
Mas, em alguns casos raros, podem surgir um número maior de lesões no local, indicando algum desequilíbrio na imunidade do paciente por conta de obesidade, desnutrição e gestação, por exemplo, ou ainda devido a tratamentos quimioterápicos.
Como é a transmissão do olho de peixe? Como pega?
Os vírus do tipo HPV são bastante transmissíveis por ficarem ativos na pele infectada, podendo ser contraídos no contato com pessoas e superfícies contaminadas.
“Vemos muitos casos em atletas que praticam esportes de contato descalços, como o jiu-jitsu, caratê e judô, que se contaminam inclusive devido ao atrito do pé no tatame infectado”, alerta Adriana Maria Porro, professora associada do Departamento de Dermatologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do Departamento de Doenças Bolhosas da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Portanto, andar descalço em ambientes propícios à contaminação, como banheiro, beira de piscina com água parada e parques aumenta o risco de contrair o vírus.
Quais são os sintomas do olho de peixe?
Diferentemente das outras verrugas que se desenvolvem na pele externamente, o olho de peixe não consegue ficar exposto por conta do peso do corpo sobre a sola do pé. Dessa maneira, seu desenvolvimento é para dentro da pele, causando dor ao pisar.
Olho de peixe pode ir para outras áreas, como a mão?
Apesar dos subtipos do vírus causador do olho de peixe acometerem principalmente a região plantar, outras áreas também podem ser afetadas caso haja o contato com a lesão. Por isso, evite tocar ou cutucar a verruga com as mãos.
Olho de peixe é grave?
Em geral, o olho de peixe não gera consequências mais graves, mas deve ser tratado para evitar que contamine outras partes do corpo ou outras pessoas.
No entanto, Cassiano revela que há casos raros em que o vírus pode sofrer uma mutação em pacientes imunossuprimidos, se transformando em um câncer de pele, como mostra um estudo de caso publicado pelo periódico The Foot.
Como é o tratamento do olho de peixe?
O olho de peixe é tratado ao eliminar as células infectadas pelo vírus —portanto, a própria verruga é retirada. Existem várias técnicas e substâncias que cauterizam a pele lesionada.
Nos consultórios dermatológicos, geralmente são aplicados ácidos em concentrações mais elevadas, laser ou crioterapia (aplicação de nitrogênio líquido), que geram um incômodo passageiro, mas são bem toleradas. “Alguns dermatologistas optam ainda pela cirurgia, que é a retirada da verruga com bisturi elétrico, um tratamento doloroso e com maior risco de infecção”, cita Maria Genúcia Cunha Matos, médica dermatologista e professora da disciplina de dermatologia da Faculdade de Medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará).
Em crianças, também podem ser aplicados pomadas e cremes imunomoduladores sobre a verruga com o objetivo de estimular a imunidade para combater o vírus presente na pele.
Existem remédios caseiros ou de farmácia contra olho de peixe?
Segundo Matos, existe uma variedade de possibilidades no tratamento da verruga plantar. “Assim como alguns casos se resolvem sozinhos, também há quadros que se curam com medicamentos específicos vendidos em farmácia ou caseiros como aplicar a casca da banana, que possui o ácido tânico, uma substância cáustica que acaba eliminando a pele infectada”, explica a docente.
Ainda assim, vale buscar a opinião de um médico dermatologista para fazer um diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento. “Já tive casos de pacientes que aplicaram ácidos acreditando que a lesão se tratava de uma verruga, mas, na verdade, era um câncer de pele e aquilo piorou o quadro”, alerta Porro.
Fora que algumas substâncias podem gerar dermatites de contato e levar a uma infecção. Também não é recomendado cortar a verruga com alicate nem qualquer outro objeto, já que isso poderia aumentar os riscos de infecções e do vírus se espalhar.
O olho de peixe pode desaparecer sozinho?
Sim. O quadro pode se solucionar de uma hora para outra, mas, em geral, leva bastante tempo para isso acontecer (dois ou mais anos) e acontece quando o corpo consegue eliminar o vírus.
A vacina que protege contra o HPV pode ajudar a evitar olho de peixe?
As vacinas contra o HPV são desenvolvidas para proteger as pessoas dos vírus que causam problemas mais graves, como o câncer de colo de útero. No entanto, há relatos de pacientes que tiveram o quadro de verrugas eliminado depois de receber a dose.
“Parece haver uma reação cruzada que ajudaria a prevenir a contrair esse tipo de vírus”, comenta Porro. Mas, como ainda não existem estudos que assegurem essa ação, a vacina não deve ser recomendada para essa finalidade.
Qualquer pessoa pode contrair o vírus que causa o olho de peixe?
Sim. No entanto, algumas são mais propensas a contraírem o vírus. É o caso dos pacientes imunossuprimidos (transplantados ou HIV positivo) ou que tenham algum outro fator que leve ao comprometimento da imunidade como desnutrição e alergias.
“As crianças, que estão com a imunidade ainda em desenvolvimento, e os idosos, que apresentam uma deficiência nas defesas do organismo, também podem contrair o vírus com mais facilidade”, comenta Daniel Cassiano, dermatologista e doutor em medicina translacional pela EPM-Unifesp, que também atua como docente da disciplina de dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo (SP).
O quadro de olho de peixe pode ser confundido com outros diagnósticos?
Em alguns casos, a verruga plantar pode ser confundida com um calo ou mesmo com o clavo plantar —lesão amarelada que surge por conta de alterações ortopédicas devido ao maior atrito da pele em um ponto específico do pé—, mas ambos não apresentam os vasos trombosados.
“Todos causam dores. Mas, ao contrário da verruga plantar e do calo, o clavo deve ser tratado por um ortopedista e exige exames de imagem como raio-X e tomografia para detectar a alteração, sendo que o quadro só melhora se ela for corrigida”, explica a professora da UFC.
Na dúvida, é importante procurar um dermatologista para avaliar. O médico vai fazer uma análise clínica visual e, se necessário, usar uma lente de aumento com uma luz (dermatoscópio) para observar melhor a lesão.
“Em casos raros, o médico também pode solicitar uma biópsia para identificar se a lesão é viral e qual é a tipagem do vírus para saber o subtipo causador do problema”, acrescenta Cassiano.
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