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Por que pessoas no fim da vida relatam visões de parentes mortos?

O médico estadunidense Christopher Kerr é um dos principais nomes no mundo dos estudos de experiências de final de vida. Essas situações são as visões e sonhos que pacientes com doenças terminais têm. As pessoas tendem a reviver momentos marcantes em suas vidas, por meio de conversas e encontros com entes queridos, como mães, pais, filhos ou até mesmo animais de estimação.

Kerr afirma que as experiências tendem a começar algumas semanas antes da morte e sofrer um aumento na frequência conforme o falecimento se aproxima. Os pacientes, de acordo com estudos do médico, vivenciam as visões de forma intensa, como se fossem reais. Estes acontecimentos costumam ser relacionados a fatos importantes de suas trajetórias.

“Estes relacionamentos muitas vezes regressam de formas muito significativas e reconfortantes, que validam a vida que foi vivida e, por sua vez, diminuem o medo de morrer”, disse Kerr em entrevista à BBC News Brasil.

O médico ainda ressaltou que estas pessoas não estão confusas ou tendo pensamentos incoerentes, já que, no momento em que a saúde física delas está prejudicada e em declínio, elas estão presentes emocionalmente e espiritualmente. Entretanto, a comunidade médica ainda é cética em relação a este assunto. Por isso,  em 2010, Kerr iniciou um estudo pioneiro nos Estados Unidos sobre as experiências.

A pesquisa sobre experiências de final de vida
A pesquisa contou com uma abordagem científica, na qual os pacientes terminais passaram por triagem e entrevistas. A triagem serve para garantir que eles não estão confusos ou alucinando.

Os resultados revelaram que 88% destas pessoas relataram ao menos uma experiência de final de vida. Cerca de um terço das pessoas relatavam temas como viagens, que costumavam remeter a situações de conforto. 750 pacientes terminais concederam entrevistas diárias neste processo de morte. Desta forma, o estudo buscou entender como esta proximidade afetava as experiências de quem está em cuidados paliativos.

Os resultados já foram publicados em diversos artigos científicos. Porém, Kerr relatou que ainda lida com preconceito dos médicos em relação a este tópico. “Na medicina, enquanto olhamos para o processo físico de morrer, não olhamos para a experiência de morrer. E essa é a maior diferença”, afirmou, por fim.

Ele é o CEO do Hospice & Palliative Care, uma organização de cuidados paliativos para pacientes terminais na cidade de Buffalo, em Nova York. Em 2020, lançou seu livro sobre o assunto “Death Is But a Dream: Finding Hope and Meaning at Life’s End” (“A morte é apenas um sonho: encontrando esperança e sentido no fim da vida”, em português). A obra foi traduzida para mais de dez línguas, mas ainda não existe em português.

Fonte: Terra

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