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Há 120 anos, o Acre tornou-se um território da República Brasileira. Por meio de um acordo diplomático, entre o governo brasileiro e o boliviano, o território do Acre foi anexado ao Brasil.

As terras que hoje compõem o Acre já existiam muito antes da chegada dos europeus ao continente americano. O Novo Mundo, repleto de regiões que viriam a ser conhecidas pelas dificuldades geográficas e povos originários, guardavam terras que teriam nomes séculos mais tarde.

Mas o primeiro marco que delimitou posses sobre o futuro Acre foi o Tratado de Madri. O acordo diplomático assinado por Portugal e Espanha em 13 de janeiro de 1750, teve o objetivo de resolver as disputas territoriais nas colônias na América.

Antes houve o Tratado de Ayacucho
As questões territoriais entre Portugal e Espanha não cessaram, sendo necessário outros acordos. E no que diz respeito às futuras terras acreanas, séculos mais tarde veio o Tratado de Ayacucho de 1867, esse firmado entre Brasil e Bolívia no dia 27 de março e selado em 23 de novembro de 1867, na cidade boliviana de La Paz.

O Tratado que previa a demarcação de fronteira entre os dois países, a região que hoje corresponde ao Acre pertencia ao país boliviano por estar abaixo do determinado no novo tratado: abaixo do paralelo de 10°20′ são possessões do país andino, e o que estiver acima faz parte do Brasil.

Até então, era uma área pouco explorada pelos dois países. Mas com o passar dos anos, a região passou a ter uma ocupação brasileira, por meio de ribeirinhos e seringueiros, despertando o interesse boliviano com a descoberta da Hevea brasiliensis, a Seringueira, árvore da qual se extrai o látex, que serve para a produção da borracha.

O Acre boliviano e a Revolução Acreana
“Temos um Acre que na virada do XIX para o XX torna-se objeto de desejo da Bolívia, que tinha como pretensão ocupar o território e exercer sua imaginada soberania e desejado domínio. Contudo, a república andina nunca exerceu de forma consistente sobre o Acre qualquer uma dessas duas formas de controle”, escreveu professor do curso de licenciatura e bacharelado em História da Universidade Federal do Acre (Ufac), Francisco Bento da Silva, no ensaio ‘Insolitudes acres, híbridas e fronteiriças: as disputas pelas identidades’.
Após a instauração e declaração da República do Acre, pelo jornalista espanhol Luís Galvez, que atendia a interesses regionais em iniciar uma revolução, o Estado Brasileiro prendeu Galvez e entregou novamente as terras acreanas à Bolívia.

A Revolução Acreana que durou de 1902 a 1903, incitou o governo federal brasileiro a assumir as tratativas com a Bolívia, após a nação andina arrendar aquela região para a companhia anglo-americana Bolivian Syndicate, organizada em Londres, e que previa a exploração econômica do local.

Tratado de Petrópolis
No dia 17 de novembro de 1903, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, o Barão do Rio Branco, juntamente com Assis Brasil entrou em um acordo com os chanceleres bolivianos, Fernando Guachalla e Claudio Pinilla, que previu o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas à Bolívia, livre navegação pelos rios brasileiros, a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, além da cessão de curtos trechos de terra na região do Mato Grosso.

O Tratado, que criava o território do Acre, foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo então Presidente da República, Rodrigues Alves, no dia 18 de fevereiro de 1904. O Acre, então, passa a ser um território federal, administrado diretamente pelo governo federal, e passaria ainda algumas décadas até se tornar um Estado em 1962, com o movimento autonomista.

Os Espaços de Memória

Hoje o governo do Estado trabalha para recuperar e preservar a história do Acre. Por meio da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour (FEM), espaços culturais como o Museu da Borracha e o Memorial dos Autonomistas passaram por revitalizações e hoje se encontram abertos ao público.

Outro conquista foi a entrega da primeira fase do Museu dos Povos Acreanos, obra idealizada e iniciada em 2018, mas concretizada na gestão do governador Gladson Cameli, que compreende a importância da valorização da história e da cultura acreana.

“Os nossos museus têm como funções principais a preservação, a difusão da nossa história, da nossa cultura, portanto da nossa identidade. Além disso, os museus também têm uma função muito importante que é a função educativa. Como as nossas futuras gerações irão conhecer as riquezas, a beleza da nossa história? É por isso que nós precisamos motivar a população de modo geral, principalmente as gerações mais jovens a visitar os museus” afirma o presidente da FEM, Minoru Kinpara.

“Por isso estamos promovendo agendas culturais intensas e divulgando os nossos museus, inclusive, abrindo os nossos museus no feriado e finais de semana, porque durante os dias da semana as pessoas trabalham, não tem tempo pra levar seus filhos, seus familiares, seus amigos, portanto trabalhamos no sentido de valorizar os nossos museus como um instrumento poderoso para difusão e a preservação da nossa história”, conclui o presidente.

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