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Formação de professores por EaD dobra em uma década

A formação de novos professores a distância mais do que dobrou em uma década, enquanto as notas da maioria dos cursos de graduação na modalidade caíram. Em 2022, pelo menos seis em cada dez concluintes dos cursos de licenciaturas se formaram pela Educação a Distância – índice muito acima de outras graduações. Os dados foram consolidados pelo Todos Pela Educação, a partir de análises do Censo da Educação Superior e do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), ambos do Inep.

Novos dados do Censo mostram que 65% dos concluintes cursaram a modalidade a distância em cursos voltados para formação docente no último ano – crescimento de 119% em comparação com 2012. No mesmo período, a formação em cursos presenciais caiu de 66% para 35%. Ao todo, o EaD concentra 165 mil concluintes; contra 90 mil dos cursos presenciais em 2022.

Quando se olha para todo o Ensino Superior no Brasil, 65% dos concluintes em formação inicial docente concluíram os cursos a distância, enquanto, para as demais graduações, a média é de 31% (gráfico abaixo). Essa expansão a distância foi impulsionada pela rede privada, que sozinha acomoda 60,2% dos concluintes em formação inicial docente.
O levantamento mostra ainda que a qualidade dos cursos de Licenciatura na modalidade EaD vem caindo ao longo dos últimos anos no país. Dos 15 cursos considerados, nove tiveram redução na nota bruta geral média do Enade, além de aumentar a distância entre as médias de quem se formou a distância e de quem fez seu curso presencialmente. São eles: Artes Visuais, Ciências Biológicas, Educação Física, Física, Letras-português, Letras (português e inglês), Música, Pedagogia e Química, (veja ranking abaixo). Também, em 2021, em todos os cursos de formação docente analisados, as notas médias EaD eram menores do que na modalidade presencial.
Acesse o arquivo com os dados completos do levantamento
“É claro que a Educação a Distância não é o único problema na formação inicial de professores, mas é inadmissível que o Brasil tenha na EaD a principal estratégia de formação inicial docente. E isso se torna ainda mais grave na medida em que esse crescimento está atrelado à baixa qualidade. Ao seguir permitindo a proliferação de cursos que não preparam os estudantes para o início do exercício da docência, o País está, na prática, promovendo uma tremenda desvalorização da profissão docente. É papel do Ministério da Educação reformular profundamente os processos regulatórios desses cursos a distância. Os futuros professores e a sociedade como um todo não podem ser vítimas desse descaso que se intensifica ano após ano sem que o governo federal tome uma medida eficaz para frear essa expansão”, avalia Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.
Edmilson Ferreira
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