Se não estava claro antes do verão de 2023 que as mudanças climáticas estão aumentando as temperaturas, é melhor estar claro agora. Este julho passado bateu o recorde como o mês mais quente já registrado. E isso foi antes de uma onda de calor ameaçadora de vida fervilhar grandes áreas do Meio-Oeste dos EUA em agosto.
Na última semana do inverno, a maioria das regiões do Brasil terá temperaturas ultrapassando os 40 ºC. Espera-se que episódios de calor intenso se tornem frequentes em um futuro próximo, a ponto de um estudo, realizado pela CarbonPlan em parceria com o The Washington Post, sugerir que em Belém, por exemplo, quase sete meses do ano terão temperaturas extremamente elevadas até 2050.
A análise considera fatores como temperatura do ar, umidade, radiação solar e velocidade do vento. Como ponto de partida, foi estabelecida a temperatura de 32ºC como indicador de um “calor extremamente arriscado” para a saúde humana.
De acordo com as projeções, até o ano de 2030, mais de 2 bilhões de pessoas estarão enfrentando um mês inteiro com temperaturas médias superiores a 32 °C.
Já em 2050, a estimativa é que mais de 5 bilhões de pessoas – possivelmente mais da metade da população mundial – terão pelo menos um mês de exposição a calor extremo, representando um risco para a saúde em caso de exposição prolongada ao sol. Neste cenário, mesmo adultos saudáveis que se envolvem em atividades ao ar livre podem enfrentar problemas relacionados ao estresse térmico.
De acordo com o estudo, algumas capitais brasileiras foram identificadas como tendo dias em que as temperaturas ultrapassam a média, sendo classificadas como situações de risco, com médias diárias de 32ºC ou mais.
Manaus: 258 dias
Belém: 222
Porto Velho: 218
Rio Branco: 212
Boa Vista: 190
Macapá: 185
Cuiabá: 168
Palmas: 158
Teresina: 155
São Luís: 83
Campo Grande: 39
Rio de Janeiro: 22
Porto Alegre: 8
Florianópolis: 7
Goiânia: 6
Aracaju: 3
João Pessoa: 3
Natal: 3
Salvador: 2
Belo Horizonte: 1
Como a infraestrutura contribui para as mudanças climáticas?
Você sabe o que é efeito Ilha de Calor?
O fenômeno conhecido como “ilha de calor” tem se intensificado com o avanço da urbanização. Ele se refere à tendência das estruturas humanas de atrair e reter calor em uma taxa mais elevada do que a observada na natureza. Isso resulta em um aumento de até 30% na produção de ozônio ao nível do solo.
A escolha dos materiais de construção desempenha um papel crucial na mitigação desse efeito. Estruturas densas e de coloração escura têm maior propensão a absorver e reter a luz solar por longos períodos. Por outro lado, as coberturas verdes, que incorporam elementos naturais em seu paisagismo, são altamente eficazes em resistir à absorção de calor. As árvores e plantas também liberam oxigênio, o que contribui para uma redução adicional na temperatura da superfície.
Cidades ao redor do mundo têm adotado cada vez mais infraestruturas alternativas de resfriamento como parte de uma estratégia para enfrentar o calor extremo. Isso inclui o plantio de árvores, a criação de corredores verdes e a implementação de telhados refletivos e pavimentos permeáveis. Essas soluções naturais ajudam a mitigar os efeitos das ilhas de calor urbanas e a reduzir os impactos do calor extremo.
O uso de pavimentos de coloração clara, como o concreto, é uma solução comprovadamente eficaz na redução dos efeitos da ilha de calor. Esses pavimentos podem diminuir a temperatura ambiente em cerca de 5°C, resultando em uma redução de até 18% nos custos de ar condicionado e uma diminuição na poluição ambiental. Além disso, a temperatura da superfície pode ser até 17°C menor em comparação com pavimentos asfálticos.
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