Política

A opinião de Sônia Guajajara sobre o Acre: o que diz a ministra

Em sua 8ª edição o Festival Mariri Yawanawa teve início no dia 1° de setembro e segue até dia 7, na Aldeia Mutum, localizada no Rio Gregório, no município de Tarauacá. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, chegou no festival no dia 2 de setembro e anunciou a assinatura da homologação do território do Rio Gregório. A assinatura acontecerá na tarde desta terça-feira, 5, em Brasília.

O Festival Mariri Yawanawa, que proporciona uma imersão na cultura, arte e espiritualidade do povo Yawanawa, conta com o apoio do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete) e da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi).

Povo Yawanawa recebeu a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a deputada federal Célia Xakriabá com muita música e dança. Foto: Alexandre Cruz-Noronha/Semapi

A secretária extraordinária dos Povos Indígenas do Acre, Francisca Arara, frisou que ter uma ministra que foi uma das militantes no movimento indígena assim como ela é um sinal de que as coisas estão mudando.

“Em todas as minhas falas eu digo que o Acre é realmente diferente, pois não trazemos uma autoridade simplesmente de uma pauta, mas hoje estão aqui para essa pauta específica, o fortalecimento cultural dos povos indígenas do Acre, porque aqui tem os Yawanawa, os não indígenas, os turistas, os Puyanawas, os Arara, dos quais eu sou Shawãdawa, e tem Ashaninka também. Então, isso fortalece o reencontro dos povos indígenas no estado do Acre”, afirmou.

Primeira ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, em 2022. Indígena do povo Guajajara do Maranhão, a ministra, que chegou acompanhada da deputada federal Célia Xakriabá, destacou que se não existir demarcação não haverá solução para a crise climática que o mundo enfrenta hoje e anunciou a assinatura da homologação do território do Rio Gregório neste dia 5 de setembro.

“Já são 40 anos de espera do povo Yawanawa aqui na luta pelo seu território e agora, por uma decisão do presidente Lula, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, com a presença indígena no Poder Executivo, a primeira iniciativa nossa foi retomar o processo de demarcação de terras indígenas no Brasil. Uma política que é dever da União e que foi totalmente paralisada nos últimos anos. E agora retomamos esse processo que estava ali parado na Funai e conseguimos dar alguns passos, um avanço no sentido de concluir esse processo”, declarou a ministra.

Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, anunciou a assinatura da homologação do território indígena do Rio Gregório. Foto: Alexandre Cruz-Noronha/Semapi

A ministra também destacou que festivais indígenas como o Mariri Yawanawa apresentam a cultura dos povos indígenas para as pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo e a partir dessa vivência é possível entender a importância de ter um território indígena demarcado, preservado e protegido:

“O Festival Mariri aqui do povo Yawanawa é muito forte, já muito conhecido, muito visitado e muito importante para essa conscientização da importância do meio ambiente, não só para a cultura indígena, mas para toda humanidade”.

A ministra Sônia Guajajara e a deputada federal Célia Xakriabá foram recebidas pelas lideranças e povo Yawanawa com muita música, dança, festa, alegria e o ritual do sopro, que é o Vekuxi, o assopro da bênção. A deputada federal agradeceu e ressaltou a força dos povos indígenas:

“A nossa força faz a diferença. E o poder mais permanente é o que estamos vivenciando aqui hoje. É um povo que, mesmo em vários enfrentamentos, não para de cantar, não para de fazer a medicina. O que nos mantém de pé são as forças espirituais, assim como a força do Pajé”.

Ministra e deputada federal também participaram do ritual do sopro que é o Vekuxi, o assopro da bênção. Foto: Alexandre Cruz-Noronha/Semapi

O cacique da Aldeia Nova Esperança, Iskukua Yawanawa, enfatizou que hoje os povos indígenas vivem um novo tempo, com uma ministra indígena que comanda uma pasta voltada aos povos indígenas, aos povos originários. É uma história que nunca mais será apagada.

“Nesse ano de 2023 está completando 40 anos da demarcação do território Yawanawa, o primeiro território indígena da região Norte a ser demarcado no ano de 1983, antes da constituição. Nós não podemos deixar essa memória morrer”, afirmou o cacique.

Edmilson Ferreira
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Edmilson Ferreira

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