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Área sob alertas de desmatamento cai 66% na Amazônia

Pelo quarto mês consecutivo, os alertas de desmatamento registraram queda na Amazônia, mas continuam elevados no Cerrado – onde a situação é cada vez mais crítica -, de acordo com dados do Sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgados em coletiva realizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima nesta quinta-feira (3).

Em julho deste ano, foram desmatados 500 km² na Amazônia, uma queda de 66% da área sob alertas em comparação a julho de 2022, quando foram destruídos 1.487 km². No acumulado dos sete primeiros meses de 2023, foram registrados de desmatamento 3.149 km² na Amazônia, uma área 42,5% menor em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Os dados foram divulgados às vésperas da Cúpula da Amazônia, que entre 4 e 9 de agosto reúne em Belém (PA) organizações da sociedade civil e governos dos países que compartilham o bioma para discutir problemas e soluções para a conservação e o desenvolvimento sustentável. Para o WWF-Brasil, barrar o desmatamento na Amazônia, ao lado do combate ao garimpo ilegal e da criação de unidades de conservação, é uma das medidas urgentes para salvar o bioma e garantir a sobrevivência de suas populações.

Os números do INPE divulgados neste ano indicam que o governo brasileiro tem se comprometido com o combate ao desmatamento na região, após 4 anos de destruição.

“A queda do desmatamento na Amazônia em julho, em comparação a 2022, é um sinal importante de que a retomada das ações de comando e controle, associadas a medidas recentes como os embargos remotos e os instrumentos de limitação do acesso ao crédito têm se mostrado eficazes, ainda que estejamos no período de seca e aceleração do desmatamento no bioma”, comentou Mariana Napolitano, gerente de Conservação do WWF-Brasil.

Ela afirma, contudo, que será preciso fazer mais para que o governo federal possa cumprir sua meta de zerar o desmatamento até 2030. “Para zerar o desmatamento será necessário ir além dessas medidas, com a destinação das florestas públicas, a proteção de áreas chave para a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos e a demarcação de territórios indígenas”, declarou Napolitano.

Cerrado em alerta

No Cerrado, onde a proteção ambiental é mais frágil que a da Amazônia, a tendência vai no sentido oposto, com uma situação crítica se mantendo ao longo de 2023. Nos primeiros sete meses do ano, o bioma teve um aumento de 21,7% nos alertas em comparação ao mesmo período em 2022, passando de 4.123 km² para 5.019 km².

“Os dados apontam uma situação bastante crítica de destruição no Cerrado. Estamos diante de um cenário muito preocupante e com diversos relatos dos impactos negativos, como perda nos recursos hídricos e de biodiversidade, além de todo processo violento de expulsão de comunidades locais, que está associado ao desmatamento do bioma”, disse Ana Carolina Crisostomo, especialista de Conservação do WWF-Brasil.

Só em julho deste ano, foram desmatados 612 km² no Cerrado, um aumento de 26% em comparação a julho de 2022.

O histórico de destruição reforça a necessidade e a urgência de um plano específico, como já existe para a Amazônia, de combate ao desmatamento no Cerrado. Segundo o MMA, o PPCerrado deve ser lançado em outubro deste ano. Além disso, será necessário um maior compromisso dos Estados, especialmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), para reverter essa tendência.

O Cerrado, que já perdeu mais de 50% de sua cobertura vegetal nativa, abriga aproximadamente 25 milhões de pessoas, dentre elas, cerca de 80 etnias indígenas e diversas comunidades quilombolas. O bioma é a grande caixa d’água do Brasil, e a perda de sua cobertura vegetal terá impactos severos na produção agrícola e abastecimento de grandes centros urbanos.

Edmilson Ferreira
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Edmilson Ferreira

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