Vitiligo não é transmissível nem causa limitações à saúde

O vitiligo é uma doença crônica caracterizada pela perda da coloração da pele. Suas formas de manifestação são manchas brancas que podem estar isoladas ou espalhadas pelo corpo, principalmente nos cotovelos, joelhos, rosto, mãos e pés, além de genitais. No Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas convivem com a enfermidade (0.5% da população), que embora não provoque o adoecimento físico nem seja transmissível, ainda gera muito preconceito por parte da população, inclusive pelo próprio paciente.

A doença ocorre por destruição dos melanócitos – as células produtoras da melanina. Ela provoca lesões de pele na forma de manchas desprovidas do pigmento, geralmente bem delimitadas, mas que não cursam com nenhum sintoma. Essas manchas podem aparecer de forma espontânea ou depois de um trauma local, ferimento ou mesmo de uma queimadura solar.

A dermatologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Elisa Fontenelle de Oliveira, explica que não se conhece exatamente quais as causas e os mecanismos associados ao vitiligo. “A doença pode ter como origem desde alterações da própria imunidade até questões genéticas. O fato de haver história familiar pode ajudar no diagnóstico de um caso suspeito, mas não quer dizer que todas as pessoas da família desenvolverão a doença”, explica.

Por outro lado, o vitiligo tem relação direta com a saúde emocional e a psicológica, já que fatores externos podem contribuir para o aparecimento ou agravamento das lesões. “Como na maioria das doenças autoimunes, os fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão podem desencadear o processo da doença”, enfatiza Oliveira. “Por isso, episódios e períodos de estresse emocional, além de traumatismo na pele, podem servir de gatilho em pacientes que já têm predisposição”.

A médica afirma que a doença não provoca nem dor nem coceira e se manifesta tanto crianças quanto adultos, sendo que geralmente aparece entre os 20 e 30 anos. “Além disso, afeta igualmente homens e mulheres, assim como pessoas brancas, negras e de outras etnias”, explica Oliveira.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), existem cinco formas de manifestação do vitiligo, classificadas pela extensão, localização e distribuição das lesões: focal (manchas pequenas em uma área específica do corpo); mucoso (manchas apenas nas mucosas, como lábios e região genital); segmentar (manchas distribuídas apenas em uma parte do corpo); acrofacial (manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais); vulgar (manchas no tórax, abdômen, pernas, nádegas, braços, pescoço e axilas); e universal (manchas espalhadas por quase todas as regiões do corpo).

O diagnóstico é clínico, podendo ser auxiliado por uma lâmpada especial, que emite fluorescência ultravioleta A, e é utilizada no escuro para localizar as lesões. A biópsia das manchas fica reservada para casos selecionados, sendo em geral desnecessária.

Apesar de não ter cura, a doença pode ser controlada. Por isso, existem várias orientações e opções terapêuticas que devem ser avaliadas pelo médico, de acordo com as características de cada paciente, como idade, localização e extensão das lesões e a história prévia.

“O tratamento pode ser realizado por medicamentos aplicados na pele ou por via oral, ou mesmo por meio de procedimentos como a fototerapia”, salienta a médica dermatologista.

A fototerapia atua na repigmentação das áreas afetadas por meio dos raios ultravioletas A ou B na pele. Essa assistência especializada é oferecida gratuitamente em serviços de dermatologia do País, como os hospitais universitários, segundo a SBD.

O vitiligo é apenas uma característica física e a autoaceitação ajuda muito o paciente a enfrentar a doença. “Em muitos pacientes também faz parte do tratamento o acompanhamento psicológico. Além de ajudar no tratamento da doença, melhora muito a qualidade de vida do paciente”.

A médica lembra da importância do uso diário de filtro solar e outras formas de proteção contra a radiação solar excessiva – como chapéus, óculos escuros, proteção solar, áreas de sombra –, além de reforçar que o vitiligo não evolui para o albinismo. Apesar de serem doenças associadas à melanina, ambas possuem mecanismos diferentes.

Edmilson Ferreira
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Edmilson Ferreira

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