Manchete

Mulheres que empreendem e empoderam famílias no Acre

Ravenna Nogueira/Agência de Notícias do Acre –
Elas são exemplo de garra, força e superação. Mulheres que transformaram suas realidades por meio de seus empreendimentos e que inspiram outras mulheres.
No Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira, 8 de março, trazemos histórias de mulheres que buscaram apoio do governo do Estado do Acre e realizaram uma transformação social das suas famílias e comunidades.
Lugar de mulher é onde ela quiser
A cabeleireira Rosilene Barbosa, conhecida como Rosa Magalhães, é mãe de sete filhos e mora em rio Branco. Com o marido desempregado, viu-se na obrigação de mudar a história da sua família. Resolveu fazer um curso de cabeleireira, mas deparou-se com muitas portas fechadas por não ter estudo.
Rosa Magalhães não desistiu e realizou o sonho de ajudar outras mulheres. Foto: José Caminha/Secom
“Ninguém queria me dar uma chance. Em cada lugar onde eu chegava diziam que sem escolaridade eu não podia fazer o curso. Até que descobri que a Casa Rosa Mulher ofertava esse tipo de curso e fui lá. Consegui fazer meu primeiro curso e comecei a trabalhar”, explica Rosa.
Hoje, ela já se especializou, tem 14 certificados de cabeleireira, dois de tricologista, dois de colorimetrista, quatro de especialista e educadora. É também representante de uma marca de produtos capilares e ministra cursos para pessoas da periferia de graça.
“Eu sempre tive o sonho de levar o conhecimento que adquiri para outras pessoas. Não quero que passem pelas dificuldades que passei. Por isso, voluntariamente oferto cursos nos bairros mais carentes da nossa cidade”, afirma.
O Estado foi parceiro de Rosa na capacitação de 190 pessoas em curso de cabeleireiro, em 2020. Foto: Odair Leal/Secom
“Hoje, me sinto realizada por ser uma pessoa que ministra curso para 70 mulheres em um único horário, quando, no passado, ouvi que não tinha a capacidade nem de fazer um curso. A mensagem que deixo para outras mulheres é que não desistam, corram atrás dos seus objetivos, porque vocês são capazes”, incentiva.
Mulher que pinta e borda
A artesã Poliana Maia, já aos 7 anos de idade aprendeu a pintar e bordar. Aos 14, resolveu sair da zona rural e morar na capital Rio Branco, onde montou a Cooperativa de Artesanato Amazônico Paiol, com o objetivo de resgatar as bordadeiras acreanas.
Poliana Maia desenvolve um importante trabalho de resgate das bordadeiras acreanas. Foto: José Caminha/Secom
“Quando comecei, não encontrei mais bordadeiras. Então, me voluntariei a ensiná-las. Coloquei uma plaquinha numa igreja daqui do Bujari e muitas mulheres apareceram para aprender”, narra.
A cooperativa tem 15 anos e atualmente conta com 50 cooperados no Acre inteiro. Além de bordado, também trabalha com madeira e sementes. “No Bujari, montamos um braço da nossa cooperativa. Quando cheguei no município não tinha artesão cadastrado no Programa do Artesanato Brasileiro [programa federal com o objetivo de coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão brasileiro]”, conta.
O Acre também era o único estado que não tinha referência no Museu Casa Bordada, uma exposição de bordados feitos à mão por mestres bordadeiras e bordadeiros dos 27 estados brasileiros. “Aquelas mulheres que viram meu anúncio na igreja e fizeram o curso bordaram uma coleção para o museu e passamos a ter representatividade lá”, relata Poliana.
Com a ajuda do governo do Estado e do Sebrae, Poliana leva as peças da cooperativa para as feiras nacionais de artesanato. E tem uma visão especial sobre os trabalhos apresentados: “Cada bordadinho daquele ali representa uma história”. Os bordados feitos pelo Ateliê Paiol retratam a fauna, a flora e a história do Acre.
De passatempo a grande negócio
As juruaenses Alcelita Brito e Pamela Souza, mãe e filha, proprietárias do Atelier das Gostosuras, aproveitaram um momento de dificuldade e criaram uma oportunidade.
Ao enfrentar dificuldades, Pamela Silva e Alcelita montaram um negócio de sucesso. Foto: cedida
Quando vieram para Rio Branco, precisaram pensar numa forma de gerar renda extra e então resolveram fazer tortas em fatias para entrega.
“Pegamos um dinheiro que sobrou da nossa pensão e investimos no material para as tortas. Começamos a fazer e as tortas começaram a se multiplicar, a geladeira ficou pequena para elas. Pensei até em doar, achando que não venderíamos tudo, mas no final vendemos todas”, conta Pamela.
Pamela conta que logo começaram a vender muito e resolveram fazer uma reforma nos fundos da casa para ter um espaço amplo para as vendas. Foi quando surgiu a oportunidade de alugar um imóvel num local mais movimentado.
“Quando vi aquele espaço num bairro nobre da capital, eu quis alugar. Peguei um dinheiro emprestado e paguei o primeiro aluguel. Levei até o fogão de casa e iniciamos no local, que logo ficou pequeno também”, frisa Pamela.
Alcelita e Pamela creditam o sucesso de sua doceria ao cuidado com que tratam o negócio: “Queremos que as pessoas se sintam bem aqui. Cada cantinho, cada ingrediente, é pensado de modo a satisfazer a nossa clientela. Tentamos inovar sempre e trazer ideias de fora para que as pessoas que não podem viajar sintam essa experiência aqui”.
Cocada de cupuaçu servida com sorvete e calda. Foto: divulgação
Atualmente, as duas pensam em investir na farofa acreana embalada a vácuo e estão recebendo apoio do governo para a realização do novo empreendimento.
“Eu e minha mãe nascemos para isso, amamos o que fazemos, mas empreender não é fácil. É necessário insistir, investir em conhecimento e perseverar”, diz Pamela.
De desempregada a cabeleireira
Priscila Rodrigues recebeu um salão do governo do Estado em 2013. Até então ela trabalhava em casa e com pouquíssimos equipamentos. Antes disso, tentava vencer o desemprego vendendo produtos, inclusive capilares.
Priscila hoje consegue ajudar outras três famílias com o seu empreendimento. Foto: José Caminha/Secom
Ela viu nos investimentos em capacitações e equipamentos a oportunidade de ter o seu próprio negócio. “Com o que ganhei, passei dois anos na feirinha natalina, que acontecia no Novo Mercado Velho, em Rio Branco. Ganhei uma clientela boa e surgiu a oportunidade de alugar uma sala comercial no local”, explica.
O salão fica localizado no Novo Mercado Velho. Foto: José Caminha/Secom
Com os lucros, ela já conseguiu ampliar o espaço e gerar trabalho e renda para outras três famílias. Priscila continuou se especializando. O salão realiza todos os procedimentos capilares, manicure, pedicure e depilação.
Outras ações do Estado
O governo do Acre investe na capacidade e força da mulher acreana. Por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), realiza ações que buscam garantir o acesso à informação, cidadania, promoção dos direitos humanos da população feminina e fortalecimento de políticas públicas voltadas para as mulheres.
A agenda de março, mês da mulher, iniciou-se com o lançamento do Programa de Cooperação e o Código do Sinal Vermelho, em Rio Branco, na segunda-feira, 7.
O Ônibus Lilás, unidade móvel multidisciplinar, disponibiliza serviços de assistência social, acolhimento psicológico e acompanhamento jurídico, provendo todo o suporte necessário para as atendidas.
“As ações serão replicadas nos diversos municípios do interior, visando interiorizar as políticas públicas voltadas para as mulheres e meninas em estado de vulnerabilidade social”, explica a diretora de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado de Assistência Social, Direitos Humanos e de políticas para as mulheres (SEASDHM), Claire Cameli.
Claire Cameli, diretora de Políticas para as Mulheres da SEASDHM. Foto: José Caminha/Secom
Outro trabalho executado é a promoção de eventos e programas que reforçam as políticas públicas voltadas às mulheres. Um deles é o Programa Maria da Penha vai à Escola, que visa bons resultados futuros, ao levar para as escolas temáticas que promovem a não violência contra as mulheres, conscientizando os jovens desde cedo.

Edmilson Ferreira
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Edmilson Ferreira

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